domingo, 3 de abril de 2016

Mundiais 2016 - Dança

Campeonatos Mundiais 2016

Entre os dias 26 de Março e 3 de Abril

Em Boston (Estados Unidos)


Tabela com o resultado final


 Pares que não se qualificaram para a dança livre



Dança curta

Tabelas comparativas

A) - Elementos técnicos



PAR
SEQ. PASSOS
VALSA
TWIZZLES
ELEVAÇÃO
Papadakis & Cizeron
11.27
12.66
8.23
6.30
Shibutani & Shibutani
11.11
12.23
8.40
6.04
Chock & Bates
10.80
11.89
6.80
6.13
Cappellini & Lanotte
9.14
11.71
7.71
5.79
Weaver & Poje
9.61
11.71
7.71
5.96
Hubbell & Donohue
9.14
10.94
7.80
5.70
Coomes & Buckland
10.33
11.54
7.63
5.70
Gilles & Poirier
10.80
11.89
8.06
5.70
Sinitsina & Katsalapov
7.64
11.54
7.63
5.61
Guignard & Fabbri
8.99
10.95
7.89
5.36
Stepanova & Bukin
6.39
11.03
7.63
5.70
 
Seq. passos = sequência de passos; Valsa = duas sequências obrigatórias da valsa Ravensburger

B) Componentes 



PAR
SS
TR/M
P
C
INT/T
Papadakis & Cizeron
9.43
9.32
9.57
9.50
9.46
Shibutani & Shibutani
9.11
9.04
9.29
9.32
9.39
Chock & Bates
9.04
9.00
9.36
9.29
9.36
Cappellini & Lanotte
8.89
9.00
9.14
9.14
9.21
Weaver & Poje
9.11
9.04
9.29
9.36
9.25
Hubbell & Donohue
8.61
8.54
8.89
8.68
8.86
Coomes & Bukland
8.18
8.11
8.39
8.29
8.32
Gilles & Poirier
8.32
8.43
8.64
8.75
8.68
Sinitsina & Katsalapov
8.79
8.54
8.82
9.00
8.93
Guignard & Fabbri
8.14
8.04
8.32
8.18
8.29
Stepanova & Bukin
8.36
8.11
8.21
8.39
8.29


SS = Perícia;  TR/M = Transições/Passos de ligação;  P = Performance;  C = Coreografia
INT/T = Interpretação/timing

Dança livre

Tabelas comparativas

A) - Elementos técnicos



PAR
SEQS. PASSOS
TWIZZLES
ELEVAÇÕES
PEÃO
EC
PC
TC
Papadakis & Cizeron
22.54
8.23
18.90
7.40
2.31
x
X
Shibutani & Shibutani
21.91
8.31
18.04
7.40
1.89
x
X
Chock & Bates
21.92
7.89
18.47
7.14
1.80
x
x
Cappellini & Lanotte
21.60
8.23
17.36
7.06
x
x
2.23
Weaver & Poje
22.23
5.20
18.72
6.89
2.14
x
x
Hubbell & Donohue
21.60
8.14
17.62
6.80
1.80
x
X
Coomes & Buckland
20.97
7.54
16.92
6.80
x
1.89
X
Gilles & Poirier
17.66
7.80
17.26
5.89
1.89
x
x
Sinitsina & Katsalapov
19.63
7.20
17.01
4.89
1.71
x
x
Guignard & Fabbri
20.50
7.89
15.98
6.80
x
1.20
x
Stepanova & Bukin
17.66
8.23
16.93
6.80
x
1.71
x

EC = elevação coreográfica   PC = peão coreográfico   TC = twizzle coreográfico

B) - Componentes
 

PAR
SS
TR/M
P
C
INT/T
Papadakis & Cizeron
9.64
9.57
9.93
9.89
9.96
Shibutani & Shibutani
9.25
9.11
9.46
9.46
9.54
Chock & Bates
9.21
9.14
9.50
9.43
9.46
Cappellini & Lanotte
9.00
9.14
9.36
9.43
9.39
Weaver & Poje
9.25
9.25
9.36
9.39
9.43
Hubbell & Donohue
8.68
8.50
8.82
8.82
8.86
Coomes & Bukland
8.36
8.32
8.57
8.57
8.54
Gilles & Poirier
8.43
8.54
8.68
8.71
8.86
Sinitsina & Katsalapov
8.71
8.32
8.68
8.68
8.82
Guignard & Fabbri
8.07
8.14
8.36
8.36
8.39
Stepanova & Bukin
8.00
7.79
8.07
8.04
8.21


SS = Perícia   TR/M = transições/movimento   P = Performance   C = Coreografia   INT/T = interpretação/timing


Comentário

Gabriella Papadakis & Guillaume Cizeron revalidaram o título mundial de forma categórica e sem margem para contestações. O jovem par francês deslumbrou o público em ambas as fases da competição e reforçou o seu estatuto de líder nesta disciplina. Um dos momentos mais altos da sua prestação foi quando bateram o recorde do mundo para a nota mais alta na dança livre desde que o sistema do código de pontos foi introduzido. Gabriella & Guillaume ficaram em primeiro lugar quer na dança curta como na dança livre. Na dança curta, todos os elementos técnicos alcançaram o nível 4 e receberam excelentes graus de execução positivo, com vários +2 e +3 na escala dos juízes. No que toca às pontuações nos segmentos dos componentes, praticamente todas as notas se situaram acima de 9.00, com apenas três notas na casa dos 8.00pts, na escala individual de cada juiz. Na dança livre, eles foram ainda mais impressionantes, com uma clara maioria de +3 no grau de execução, na escala individual de cada juiz. Recordo-vos que +3 é o grau de execução máximo e significa que os patinadores cumpriram os requisitos para que o elemento seja considerado excelente. Os elementos técnicos da dança livre foram todos classificados com o nível 4. O único elemento de nível único é o elemento coreográfico que tem o mesmo valor base para todos os patinadores. Mas mesmo nesse elemento, Gabriella e Guillaume obtiveram uma excelente nota, tal como podem verificar na tabela acima. Nos componentes do programa, os campeões mundiais obtiveram, nada mais nada menos, de dezanove notas de 10.00 nas escalas individuais de cada juiz. As restantes pontuações situaram na casa dos 9.00 pontos. Foi uma pontuação excepcional e muito merecida. A sua leveza, sensibilidade, força, velocidade, interpretação é estonteante e até nos faz esquecer que estamos a assistir a uma prestação em competição. Os elementos técnicos estão tão bem encaixados na música e na coreografia que parece que acontecem com a maior das naturalidades. Outra coisa muito importante no estilo deste par é que ambos os patinadores têm uma excelente base proveniente das aulas de ballet e eles conseguem usar esse conhecimento no gelo. Eles trabalham todo o corpo, com umas óptimas linhas corporais e uma grande capacidade de controlar e manter as posições, dando-lhes um ar de facilidade. Outro aspecto fascinante na parceria de Gabriella e Guillaume é que eles parecem um só. É como se eles estivessem a patinar unicamente um para o outro e o resto do mundo não estivesse ver. Isso foi notório mais uma vez em ambas as fases da competição. São um par realmente admirável e este medalha de ouro foi merecidíssima. 
Os irmãos Maia e Alex Shibutani conquistaram a medalha de prata com as melhores prestações da sua carreira (pelo menos na minha opinião). Eles já tinham ficado no pódio no mundial em 2011, onde alcançaram a medalha de bronze. Mas esta temporada foi como se eles tivessem despontado de novo e tudo se tivesse alinhado para ser o ano deles. Ambos têm uma técnica de base muito boa e uma excelente postura. Os ritmos da dança curta exigidos para esta temporada assentaram que nem uma luva a estes dois, pois é um estilo que eles já demonstraram ser capazes de interpretar com mestria. A grande evolução deste par foi vista na dança livre. A mudança de coreógrafo resultou às mil maravilhas e Peter Tchernyshev soube destacar as qualidades deste par ao mesmo tempo que os desafiou a mostrar algo mais. A dança livre foi patinada ao som da música "Fix You" dos Coldplay e foi muito bem explorada. É sem dúvida uma das melhores danças livres dos últimos dois ou três anos. Em declarações à imprensa, Maia disse que ela e o Alex estão incrivelmente orgulhosos desta temporada. Ela disse também que ambos trabalharam imenso para conseguirem dois programas como estes em frente ao seu público, fazendo referência ao facto de estarem a patinar em casa. Alex também falou à imprensa e salientou os doze anos de parceria com a sua irmã. Outra das suas declarações foi a seguinte: "As pessoas querem ver o maior número de pontos de vista diferentes que existem e isso torna a competição mais interessante e diversificada e eu penso que nós podemos continuar a oferecer isso. Nós temos estado a por mais de nós próprios na coreografia e agora temos uma palavra a dizer no processo criativo. A Maia e eu sabemos o que queremos dizer no gelo."
Madison Chock & Evan Bates, vencedores da medalha de prata em 2015, desta vez tiveram de contentar-se com a medalha de bronze. A nível técnico o seu maior problema foram os twizzles na dança curta conforme podem ver na tabela acima. Na dança curta, os twizzles e a segunda sequência obrigatória de valsa Ravensburger foram classificadas com o nível 3, enquanto os restantes elementos foram de nível 4. Na dança livre todos os elementos técnicos conseguiram alcançar o nível 4. No que diz respeito aos componentes do programa, na dança curta eles receberam duas notas de 10.00 na escala individual dos juízes (um 10.00 na performance e um 10.00 na interpretação/timing). Na dança livre, ocorreu a mesma coisa. Este par tem tudo para ficar satisfeito com a sua participação pois conseguiram bater os seus recordes pessoais na dança livre e no total combinado. Em declarações à imprensa Evan Bates disse: "O ano passado foi a primeira vez em que tivemos na luta pelas medalhas no campeonato do mundo e não sabíamos muito bem como havíamos de lidar com isso. Hoje patinámos a nossa melhor dança livre. Chegámos aqui com expectativas para as medalhas, eu penso que nós crescemos muito no ano passado e ainda temos margem para evoluir mais. Neste Verão vai assinalar cinco anos de que começámos a patinar juntos e alcançámos muito, vencendo duas medalhas em mundiais, o título nacional e chegar à equipa olímpica." Sobre a dança livre, Evan também comentou o seguinte: "Esta peça musical foi-nos apresentada pelo nosso treinador Igor e, na altura, fomos um pouco ingénuos e pensámos «sim, é óptima, nós gostamos disto». Depois nós percebemos que anteriormente não houve muitos dançarinos no gelo a patinar esta música e começámos a perceber o porquê, é muito exigente. Nós demorámos muito tempo a conseguir a energia, a trabalhar o material, e isso não aconteceu na primeira metade da temporada. Esta noite foi o nosso melhor programa da temporada."
Anna Cappellini & Luca Lanotte ficaram novamente em quarto lugar nos campeonatos do mundo. Eles ficaram próximos da medalha de bronze e o que mais os prejudicou foi a dança livre. Eles não patinaram esse programa tão bem como já fizeram durante esta temporada e surpreendentemente foram sextos classificados nessa fase da competição. Na dança curta, a segunda sequência obrigatória de valsa Ravensburger e a sequência de passos foram classificados com o nível 3. A nota dos componentes também sofreu um pouco principalmente no segmento de perícia. A dança livre correu-lhes muito melhor e aí todos os elementos técnicos alcançaram o nível 4. Dos pares que ficaram no top 10, Cappellini & Lanotte foram os únicos a optar pelo twizzle como elemento coreográfico e correu-lhes muito bem. Apesar das suas médias nos componentes terem sido excelentes na dança livre, fiquei surpreendida por não ter havido um único juiz a atribuir-lhe um 10.00 em interpretação, coreografia e performance. É verdade que no início da temporada eu também partilhei da opinião de que os programas dos italianos este ano não traziam nada de novo e estavam meramente na sua zona de conforto. No entanto, eles souberam desenvolver os programas, principalmente a dança livre. Hoje não tenho dúvidas em afirmar que do ponto de vista da interpretação esta dança livre foi excepcional. No comentário que fez à imprensa após a dança livre, Luca Lanotte disse o seguinte: "Foi espectacular. Estamos super satisfeito com a forma como patinámos. Ontem estávamos muito desapontados. Nós tentámos aprender com isso. Hoje nós fomos para o gelo a pensar «isto não é uma competição, é um espectáculo». Nós tentámos fazer o nosso melhor. Quer dizer, quando estás em sexto lugar depois da dança curta, tu já não tens nada a perder. Nós ficámos muito entusiasmados por termos batido a nossa melhor nota da temporada em seis pontos. Tenho de dizer que ficámos muito impressionados. Por um momento pensei que aquelas não podiam ser as nossas notas, eles enganaram-se." 
Kaitlyn Weaver & Andrew Poje são dos pares mais populares entre o público devido à sua capacidade de interpretação e de cativar a audiência. No entanto, alguns problemas na execução dos twizzles na dança livre mataram a sua esperança de tentar conquistar pelo menos a medalha de bronze. Na dança livre, os twizzles foram meramente de nível 2 pelo que o valor base do elemento foi mais baixo comparado com os outros pares que se classificaram à sua frente. Os restantes elementos foram de nível 4. No que diz respeito aos componentes, houve um juiz que na sua escala individual lhes atribuiu uma nota de 10.00 no segmento de performance. Na dança curta, a primeira sequência obrigatória de valsa Ravensburger e a sequência de passos foram de nível 3. Weaver & Poje estavam nestes mundiais como líderes da selecção canadiana nesta disciplina. Na próxima temporada eles já sabem que terão de competir internamente com Tessa Virtue & Scott Moir, pois eles estão de regresso à patinagem de competição. Em declarações à imprensa após a realização da dança livre, Andrew Poje disse o seguinte: "Eu queria mais de mim na performance. Nós estávamos ligados como equipa quando começámos, nós realmente lutámos. Eu sei que cometi erros estúpidos, mas estou contente que nos tivéssemos mantido unidos e lutado até ao fim. Nós viemos para cá mentalizados de que não tínhamos nada a perder. Nós só podíamos ir para lá e patinar para nós e para as pessoas que estão sempre connosco." Kaitlyn Weaver também fez algumas declarações e disse o seguinte: "Nós estávamos muito bem treinados e normalmente para nós isso significa resultados. Mesmo assim, estou segura de que foi um recorde pessoal para nós, por isso é difícil dizer que ficámos desapontados." 
Os britânicos Penny Coomes & Nicholas Buckland conseguiram o nível 4 em todos os elementos técnicos quer na dança curta como na dança livre. Eles passaram por várias dificuldades na temporada anterior mas recuperaram muito bem.
A selecção russa viu-se privada dos seus líderes Ekaterina Bobrova & Dmitri Soloviev devido ao facto de Ekaterina ter sido suspensa preventivamente devido a, num controlo anti-doping, ter acusado uma substância que recentemente foi declarada proibida. Alexandra Stepanova & Andrei Bukin foram chamados de urgência para substitui-los e não tiveram muito tempo para se preparar. Eles portaram-se bem mas terminaram à beira do top 10. Victoria Sinitsina & Nikita Katsalapov estrearam-se em campeonatos do mundo enquanto par e ficaram na nona posição. Realisticamente, penso que, no geral, eles podem ficar satisfeitos com este resultado. Eles podiam ter ficado com notas melhores mas na dança curta a sequência de passos foi meramente de nível 2 e a segunda sequência obrigatória de valsa Ravensburger foi de nível 3. Na dança livre, o peão foi meramente de nível 2. Marina Zueva, a sua treinadora, e Gennadi Karponosov, delegado da federação russa na categoria de dança, não ficaram nada contentes com o controlador técnico pela atribuição daqueles níveis 2. 
A competição de dança foi muito agradável de acompanhar e a dança livre proporcionou grandes momentos. 
Finalmente tenho de deixar uma palavra para os pares Hubbell & Donohue e Gilles & Poirier pois esmeraram-se.
Vídeos da competição

Papadakis & Cizeron
Dança curta

Dança livre
 
Shibutani & Shibutani
Dança curta

Dança livre

Chock & Bates
Dança curta

Dança livre

Cappellini & Lanotte
Dança curta

Dança livre

Weaver & Poje
Dança curta

Dança livre
 
Hubbell & Donohue
Dança curta

Dança livre

Coomes & Buckland
Dança curta

Dança livre

Gilles & Poirier
Dança curta

Dança livre

Sinitsina & Katsalapov
Dança curta

Dança livre

Guignard & Fabbri
Dança curta

Dança livre

Stepanova & Bukin 
Dança curta

Dança livre

Tobias & Tkachenko
Dança curta

Dança livre

Robledo & Fenero
Dança curta

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