domingo, 7 de fevereiro de 2016

Tradução de entrevista com Maxim Trankov

Tradução de entrevista com Maxim Trankov


O patinador russo Maxim Trankov, que forma parceria no gelo com a sua esposa Tatiana Volosozhar, respondeu a várias perguntas durante uma conferência de imprensa realizada em Bratislava (Eslováquia), a propósito dos campeonatos da Europa de patinagem artística que decorreram em Janeiro de 2016.

Maxim Trankov

Podem conferir a tradução em baixo.

Pergunta (P) - Maxim, vencer os Jogos Olímpicos significa que todas as prestações que fizerem passam a ser comparadas com a dessa prova. O que é que tu achas disso?
Maxim - Nós ficamos chateados connosco pelos erros que cometemos nas competições. Depois sentamos-nos, assistimos às nossas prestações passadas e verificamos que nós só patinámos sem erros nos mundiais e na temporada olímpica. Quer dizer as restantes competições são como uma preparação para as principais. Nós temos de levar as coisas com calma. Não se pode ganhar sempre nem estar sempre a bater recordes. Eu sei que vai haver quem comece a discutir com alegria que isto são só os campeonatos da Europa onde este ou aquele par não participaram. Eu só posso repetir aqui o que referi na zona mista (de imprensa): nós fizemos o mínimo necessário para vencer a competição em Bratislava. Nós temos experiência suficiente para saber quando temos de guardar energias. E quanto despendê-las. Nós sabemos como treinar para apresentar resultados. A única coisa que pode correr mal é com problemas de saúde. 

P - Para muitos fãs esta competição é a primeira, e principalmente a competição, onde Volosozhar & Trankov competiram com Aliona Savchenko outra vez. Isto significa alguma coisa para ti?
Maxim - Nada. Nós somos os nossos principais adversários. Não não estávamos mesmo a competir contra eles nos Jogos Olímpicos. Toda esta conversa sobre rivalidades é criada pelos jornalistas. De que rivalidade é que estás a falar quando nós tivemos erros no nosso programa e ganhámos-lhes por 20 pontos?

P - Mas se estes dois pares não tivessem participado os campeonatos em Bratislava teriam sido muito diferentes.
Maxim - Com o rumo que as coisas estão a tomar na categoria de pares em breve só haverá 5 a 7 pares na Europa. 

P - Porquê?
Maxim - Porque as pessoas andam a matar-se ao caírem em saltos lançados quádruplos. Quando é que alguma vez aconteceu pares no último grupo falharem as suas figuras de elevação? Isto deve querer dizer alguma coisa.


P - Quer tu queiras quer não, este desporto está a evoluir nesse rumo.
Maxim - Pode ser diferente. Olhem para o que a Aliona e o Bruno estão a fazer. O seu twist e as suas figuras de elevação são fantásticas. A isso é que eu chamo patinagem de pares, com a qual maus quádruplos são incomparáveis. Olhem só para as raparigas que fazem esses saltos lançados - estamos a falar sobre a beleza da patinagem? Isto está a ficar parecido com ginástica. Eu penso que alguém tem de escrever ao Cinquanta (presidente da ISU). Só nesta temporada já perdemos 5 pares. 

P - E por que não tu e a Tatiana, actualmente o par com mais palmarés.
Maxim - Nós não andamos a matar-nos com saltos lançados. Nós experimentámos o quádruplo twist e o quádruplo loop lançado, causando a minha lesão no ombro e as lesões de Tatiana no tendão de Aquiles e no calcanhar. Perdemos metade de uma temporada graças a isso. Só na nossa equipa estamos a lidar com quatro problemas de lesões - 2 da Natalia Zabijako, uma delas grave, e duas de Stolbova & Klimov. O par chinês que queria lutar pelo ouro na final do circuito do Grande Prémio lesionaram-se nos saltos lançados e e nem sequer aguentaram a competição. A patinadora tem uma lesão grave no calcanhar. Uma patinadora americana teve de se retirar da patinagem depois de uma queda. Yuko Kavaguti? A chinesa Peng Cheng que se andava a matar em duas competições consecutivas e que competiu na Taça da Rússia com uma enorme marca roxa na cara. Por que é que não tentam antes complicar os saltos lado-a-lado? O triplo toe loop e o triplo salchow já eram feitos há trinta anos atrás por Valova & Vasiliev. Por que não as figuras de elevação? Talvez o quádruplo twist pois o patinador tem o controlo absoluto da situação mas se a patinagem artística continuar a seguir neste rumo podemos ir por caminhos separados. Para quê? Especialmente quando já temos todos os títulos possíveis. 

P - Quando já tens todos os títulos e tudo - incluindo uma vida familiar feliz - o que é que te mantém motivado para continuar a patinar?
Maxim - Eu acho que temos uma dívida para com o nosso país que tanto investiu em nós antes dos Jogos Olímpicos de Sochi. Além disso, abandonar agora seria errado - imagina que nós não tínhamos competido neste Europeus, patinadores de outro país iriam vencer o título - a Rússia perderia uma posição de liderança na disciplina de pares. Claro que nós estamos em perda. Com o actual estado da nossa moeda, nós poderíamos estar a ganhar dinheiro fazendo espectáculos no estrangeiro e a ter uma boa vida na Rússia. 

P - Podem tentar conciliar as coisas
Maxim - Isso é muito complicado. Se estás a ser sério nos treinos tens de abdicar de muita coisa.


P - Quando tomaram a decisão de continuar a competir houve algumas ocasiões em que tu e a Tatiana discordaram neste assunto?
Maxim - Francamente, eu estava menos entusiasmado em continuar do que a Tatiana. Ainda não compreendi por que é que eu continuo a patinar. Tenho sentimentos contraditórios: por um lado somos casados e deveríamos estar a constituir família mas e se a Tatiana quer continuar a patinar? Por outro lado já temos um plano para a Tatiana e eu vamos fazer quando nos retirarmos. 

P - Espero que não estejas a sonhar com uma carreira como treinador?
Maxim - Sonhar não mas provavelmente vai ser o que eu vou fazer. Apesar de poder não ser o principal. Eu prefiro muito mais o trabalho em televisão. (Nota: Maxim tem trabalhado como comentador desportivo na televisão russa em várias ocasiões).

P - Quão importante é esta vitória em Bratislava?
Maxim - É significativa. Ao fim ao cabo a época não foi fácil. Como os Europeus eram o nosso objectivo principal estamos satisfeitos. É só que o estado de espírito no nosso grupo não era o melhor por causa de todas as lesões no final do ano e nós, enquanto líderes do grupo, tivemos de puxar por toda a gente e arrastá-los. É difícil, é cansativo. Às vezes nós queremos alguém para nos motivar a nós. 


P - Quais são as possibilidades de te ver a ti e à Tatiana nos mundiais?
Maxim - Eu não disse que não íamos. 

P - No entanto não estás a excluir essa possibilidade?
Maxim - É muito prematuro. Depois dos Europeus nós vamos participar num espectáculo na Suíça, vamos trabalhar com diversos especialistas e depois vamos ver como nos sentimos, como é que a minha lesão nas costas estará e qual é a situação geral na categoria de pares.

P - Isso irá de alguma maneira depender da decisão de Stolbova & Klimov participarem nos mundiais?
Maxim - Stolbova & Klimov estão a planear estar lá a 100%. A Ksenia é uma lutadora: se ela disse que vai fazer um salto quádruplo lançado - é porque vai conseguir. Com esse elemento tudo pode acontecer. Deus nos livre que aconteça uma situação em que nós tenhamos de participar - o mundo vai dar voltas - mas patinaremos. Nem que tenhamos de patinar depois de levar injecções. (Nota: Maxim estava a referir-se a injecções legalmente permitidas quando um patinador precisa de aliviar as dores provocadas por uma lesão comprovada e não quer desistir da prova). 

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