Maxim Trankov, campeão olímpico de pares em 2014 com Tatiana
Volosozhar, concedeu uma breve entrevista na Rússia, onde abordou as suas
perspectivas para o futuro.
Tradução de entrevista
Pergunta (P) – Maxim, no passado ajudaste os patinadores do
teu grupo, mas agora parece que estás mesmo empenhado em ser treinador.
Maxim – Sucede que a Nina Mikhailovna (Mozer) estava tão ocupada com os pares seniores que deixou os
juniores um pouco desamparados. Apesar dela estar a trabalhar só nisso antes de
Volosozhar & Trankov se terem juntado ao seu grupo. Fedorova &
Miroshkin são provavelmente o último par forte no nosso grupo e a situação
deteriorou-se um pouco recentemente. Quanto aos treinadores, Zhovnirski começou
a trabalhar essencialmente com Stolbova & Klimov enquanto a sua mulher
Arina Ushakova deu à luz e está a gozar a licença de maternidade. Em resultado
disso ficámos quase sem especialistas para trabalhar com os juniores. De facto
existem diversos treinadores que trabalharam com eles (os pares juniores) algum tempo de forma producente mas depois de
termos avaliado as coisas, a equipa pediu-me para ajudá-los. Eu comecei a
trabalhar com um dos duos de forma mais próxima. É o par Daria Foka &
Mikhail Domnin da Arina Ushakova. Eles patinam juntos hà pouco tempo – quando
eles se juntaram, a Arina estava no final da sua gravidez e depois deu à luz.
Eles andam a patinar juntos há nove meses mas só começaram a treinar a sério há
dois meses – antes disso eles estavam sem treinador. Eles estavam
essencialmente a trabalhar no deslizar com ajuda do coreógrafo… A Daria e o
Mikhail não são maus, os especialistas gostam deles, mas tecnicamente eles
ainda não estão no topo. Eles têm saltos decentes. Recentemente aprenderam o
triplo twist e saltos triplos lançados. Agora estamos a trabalhar nas figuras
de elevação. As figuras de elevação “explosivas” são o seu calcanhar de Aquiles
– o patinador mudou-se da categoria de individuais para pares há pouco tempo. Ele
nunca tinha feito patinagem de pares e não estava bem desenvolvido. Ele tem de
trabalhar nisso, aumentar os músculos. A Daria tem os seus próprios problemas –
ela cresceu, desenvolveu-se de uma criança para uma adolescente. A fase da
puberdade tem sido suave; não da maneira em que por vezes acontece.
P – Por quanto tempo planeias trabalhar com este par?
Maxim – O projecto foi discutido até aos testes (semana de testes na Rússia em que os
patinadores apresentam o seu trabalho perante responsáveis da Federação).
Para além disso, ainda não falámos com Nina Mikhailovna (Mozer), Vlad Zhovnirski e Nina Ushakova. Talvez eles assumam a
tarefa depois disso. A seguir aos testes, eu farei um relatório sobre o
trabalho efectuado e depois não sei.
P – Deu para perceber se gostas de ser treinador?
Maxim – É difícil de dizer. Sabes, quando és atleta é tudo o
que fazes. Trabalhas de acordo com os planos elaborados pelos treinadores,
tratas da tua saúde, nutrição… É tão mais fácil do que organizar coisas para
outros. O trabalho do treinador não é só ficar junto às barreiras – é muito
esforço emocional e físico. Elaborar os planos, organizar os treinos, e tantas
outras coisas. Quando os patinadores são jovens , tu tens de tomar conta deles,
resolver alguns problemas, envolveres-te em coisas que acontecem fora do gelo,
adicionares tratamentos médicos e tudo isso. Honestamente, apesar de estar
neste desporto há muitos anos, é bastante difícil controlar isso tudo.
Felizmente que a Nina Mikhailovna me tem ajudado. Dá-me conselhos, os planos de
preparação, ensina-me… Para mim é difícil julgar quais os resultados do meu
trabalho. Terias de lhes perguntar se gostam ou não e se fizeram progressos ou
não. Os outros dizem que há progresso mas eu vejo-os todos os dias e penso que
está tudo mal, que ser treinador não é para mim. No entanto, os outros dizem
que eu estou a andar bem.
P – Quais são os teus planos e os da Tatiana?
Maxim – Nós fizemos uma pausa – se nós quisermos voltar a
tentar bons resultados novamente, nós precisamos sarar todas as lesões com que
ficámos ao longo da nossa carreira. A Tatiana tem alguns problemas numa perna e
precisa de tempo para recuperar. Além disso, nós precisamos analisar a situação
geral do desporto. De momento não é a melhor. Trabalhar como a Elena Isinbaeva
para ir aos Jogos Olímpicos e depois ficar de fora, não é algo que nós
queiramos. Nós precisamos compreender o que se passa, como a patinagem
artística se desenvolve e como nós nos sentimos. Talvez tenhamos um bebé e
voltaremos só para os próximos Jogos Olímpicos. Eu não sei. Seja o que for. De
momento aliviámos a pressão e estamos a tentar viver uma vida normal. Nós
atingimos os nossos objectivos, tornámos os nossos sonhos realidade, e voltámos
para fazer todo o trabalho duro novamente… precisamos entender o que isso
significa para nós. Precisamos disto? Nós precisamos de sentir saudades das
competições, as emoções, pois foi isso que nos faltou na temporada passada.
Isso faltou-nos para melhores resultados e melhor patinagem. Nós sentimos as
competições de maneira diferente; não foi o habitual. Não estávamos preparados
emocionalmente e daí, após termos discutido as coisas, estamos em pausa até ao
Ano Novo – até aos campeonatos nacionais russos.
P – Se optarem por continuar nesta temporada, irão manter os
programas da época passada?
Maxim – Claro que não. Nós não estamos habituados a fazer
reciclagem. Nós teremos tempo suficiente.
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