sábado, 27 de agosto de 2016

Tradução de entrevista com Maxim Trankov




Maxim Trankov, campeão olímpico de pares em 2014 com Tatiana Volosozhar, concedeu uma breve entrevista na Rússia, onde abordou as suas perspectivas para o futuro.

 
Maxim Trankov

Tradução de entrevista

Pergunta (P) – Maxim, no passado ajudaste os patinadores do teu grupo, mas agora parece que estás mesmo empenhado em ser treinador.

Maxim – Sucede que a Nina Mikhailovna (Mozer) estava tão ocupada com os pares seniores que deixou os juniores um pouco desamparados. Apesar dela estar a trabalhar só nisso antes de Volosozhar & Trankov se terem juntado ao seu grupo. Fedorova & Miroshkin são provavelmente o último par forte no nosso grupo e a situação deteriorou-se um pouco recentemente. Quanto aos treinadores, Zhovnirski começou a trabalhar essencialmente com Stolbova & Klimov enquanto a sua mulher Arina Ushakova deu à luz e está a gozar a licença de maternidade. Em resultado disso ficámos quase sem especialistas para trabalhar com os juniores. De facto existem diversos treinadores que trabalharam com eles (os pares juniores) algum tempo de forma producente mas depois de termos avaliado as coisas, a equipa pediu-me para ajudá-los. Eu comecei a trabalhar com um dos duos de forma mais próxima. É o par Daria Foka & Mikhail Domnin da Arina Ushakova. Eles patinam juntos hà pouco tempo – quando eles se juntaram, a Arina estava no final da sua gravidez e depois deu à luz. Eles andam a patinar juntos há nove meses mas só começaram a treinar a sério há dois meses – antes disso eles estavam sem treinador. Eles estavam essencialmente a trabalhar no deslizar com ajuda do coreógrafo… A Daria e o Mikhail não são maus, os especialistas gostam deles, mas tecnicamente eles ainda não estão no topo. Eles têm saltos decentes. Recentemente aprenderam o triplo twist e saltos triplos lançados. Agora estamos a trabalhar nas figuras de elevação. As figuras de elevação “explosivas” são o seu calcanhar de Aquiles – o patinador mudou-se da categoria de individuais para pares há pouco tempo. Ele nunca tinha feito patinagem de pares e não estava bem desenvolvido. Ele tem de trabalhar nisso, aumentar os músculos. A Daria tem os seus próprios problemas – ela cresceu, desenvolveu-se de uma criança para uma adolescente. A fase da puberdade tem sido suave; não da maneira em que por vezes acontece.

P – Por quanto tempo planeias trabalhar com este par?

Maxim – O projecto foi discutido até aos testes (semana de testes na Rússia em que os patinadores apresentam o seu trabalho perante responsáveis da Federação). Para além disso, ainda não falámos com Nina Mikhailovna (Mozer), Vlad Zhovnirski e Nina Ushakova. Talvez eles assumam a tarefa depois disso. A seguir aos testes, eu farei um relatório sobre o trabalho efectuado e depois não sei.

P – Deu para perceber se gostas de ser treinador?

Maxim – É difícil de dizer. Sabes, quando és atleta é tudo o que fazes. Trabalhas de acordo com os planos elaborados pelos treinadores, tratas da tua saúde, nutrição… É tão mais fácil do que organizar coisas para outros. O trabalho do treinador não é só ficar junto às barreiras – é muito esforço emocional e físico. Elaborar os planos, organizar os treinos, e tantas outras coisas. Quando os patinadores são jovens , tu tens de tomar conta deles, resolver alguns problemas, envolveres-te em coisas que acontecem fora do gelo, adicionares tratamentos médicos e tudo isso. Honestamente, apesar de estar neste desporto há muitos anos, é bastante difícil controlar isso tudo. Felizmente que a Nina Mikhailovna me tem ajudado. Dá-me conselhos, os planos de preparação, ensina-me… Para mim é difícil julgar quais os resultados do meu trabalho. Terias de lhes perguntar se gostam ou não e se fizeram progressos ou não. Os outros dizem que há progresso mas eu vejo-os todos os dias e penso que está tudo mal, que ser treinador não é para mim. No entanto, os outros dizem que eu estou a andar bem.

P – Quais são os teus planos e os da Tatiana?


Maxim – Nós fizemos uma pausa – se nós quisermos voltar a tentar bons resultados novamente, nós precisamos sarar todas as lesões com que ficámos ao longo da nossa carreira. A Tatiana tem alguns problemas numa perna e precisa de tempo para recuperar. Além disso, nós precisamos analisar a situação geral do desporto. De momento não é a melhor. Trabalhar como a Elena Isinbaeva para ir aos Jogos Olímpicos e depois ficar de fora, não é algo que nós queiramos. Nós precisamos compreender o que se passa, como a patinagem artística se desenvolve e como nós nos sentimos. Talvez tenhamos um bebé e voltaremos só para os próximos Jogos Olímpicos. Eu não sei. Seja o que for. De momento aliviámos a pressão e estamos a tentar viver uma vida normal. Nós atingimos os nossos objectivos, tornámos os nossos sonhos realidade, e voltámos para fazer todo o trabalho duro novamente… precisamos entender o que isso significa para nós. Precisamos disto? Nós precisamos de sentir saudades das competições, as emoções, pois foi isso que nos faltou na temporada passada. Isso faltou-nos para melhores resultados e melhor patinagem. Nós sentimos as competições de maneira diferente; não foi o habitual. Não estávamos preparados emocionalmente e daí, após termos discutido as coisas, estamos em pausa até ao Ano Novo – até aos campeonatos nacionais russos.

P – Se optarem por continuar nesta temporada, irão manter os programas da época passada?

Maxim – Claro que não. Nós não estamos habituados a fazer reciclagem. Nós teremos tempo suficiente.



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