sábado, 1 de setembro de 2018

ISU JGP Bratislava 2018

ISU JGP Bratislava 2018


A primeira prova do circuito do grande prémio júnior da temporada 2018/2019 realizou-se em Bratislava (Eslováquia), entre os dias 22 e 25 de Agosto.

A grande estrela da competição foi a jovem russa Anna Shcherbakova.

Desde que foram anunciados os nomes dos atletas inscritos nesta competição que Anna se tornou o foco de todas as atenções. E não foi por acaso… Anna Shcherbakova é mais uma das atletas prodígio que militam no grupo liderado pela treinadora Eteri Tutberidze no clube Sambo 70, em Moscovo. Esta competição marcou a estreia desta jovem no escalão júnior a nível internacional. 
Havia muita expectativa quanto à estreia desta atleta porque ela já foi vista várias vezes a realizar um quádruplo lutz com imensa qualidade. 
Apesar de também ter realizado saltos quádruplos nas sessões de treino em Bratislava, Anna acabou por jogar pelo seguro durante a competição. Mesmo assim a jovem russa ganhou a medalha de ouro com todo o mérito e confirmou todo o favoritismo que trazia. 
Ela dominou o programa curto com uma pontuação de 73.18pts depois de ter realizado um programa impecável. No programa livre esta atleta ficou com 132.21pts. Anna tem apenas 14 anos mas demonstra grande maturidade em pista. O seu nível de patinagem é elevadíssimo para a sua idade. Além disso as transições resultaram muitíssimo bem. Uma das coisas que mais gostei nos seus programas foi a capacidade de domínio das arestas em passagens de transição após a recepção dos saltos. Isso é uma coisa muito difícil de se conseguir e ela fê-lo com uma tremenda desenvoltura. Quanto ao lado artístico, Anna é musical, tem presença e interpretou muito bem as duas coreografias. 
O único senão da sua prestação nesta competição foi um ligeiro desequilíbrio na recepção da combinação de triplo lutz+triplo toe loop na segunda metade do programa livre. Por mim esse elemento teria ficado com 0 ou -1 no grau de execução. Este pequeno erro não teve qualquer impacto no resultado final.
Anna Shcherbakova é definitivamente um nome a fixar para o futuro. 

A medalha de prata ficou nas mãos de outra estreante. A russa Anna Tarusina é uma atleta do CSKA de Moscovo e é treinada por Elena Buianova e Sergei Davydov. Esta foi a sua primeira participação no circuito do grande prémio júnior mas na temporada passada ela sagrou-se vencedora da competição Ice Star no escalão respectivo. Com toda a popularidade das atletas de Eteri Tutberidze, Anna Tarusina tem passado um pouco despercebida. Ela é uma atleta sólida a nível técnico e conseguiu demonstrar que já evoluiu desde a temporada passada. Uma coisa que me chamou a atenção é que a técnica de entrada que ela utiliza no duplo axel é bastante semelhante à da saudosa Julia Lipnitskaya. Não sei se isto é bom para Anna a longo prazo pois se ela continuar a crescer a este ritmo vai ser problemático conseguir elevação suficiente para realizar o duplo axel desta maneira. Veremos. 
No programa curto a sua pontuação foi de 67.14pts e no livre ela obteve 119.54pts. Isto traduziu-se no segundo lugar no curto e no terceiro lugar no livre. Na minha opinião, a melhor parte da prestação desta atleta foi a entrega demonstrada na segunda metade do programa livre. Foi como se de repente ela tivesse acordado e a parte artística se tivesse tornado a coisa mais importante do mundo. Gostei muito desta atitude e espero vê-la novamente em provas internacionais. 
Os problemas mais significativos na sua prestação foram uma recepção deficiente no triplo salchow no programa livre (que acabou punido com grau de execução negativo) e o peão de combinação com mudança de pé também no livre (último elemento do esquema). Este peão foi considerado inválido pelo painel técnico e não recebeu qualquer ponto. Esta decisão foi motivada pelo facto da patinadora ter repetido o mesmo tipo de peão no programa. É que dos três peões que Anna executou no livre, dois foram iguais: combinação com mudança de pé. As regras em vigor nesta temporada não permitem que se faça esta repetição no programa livre. Foi por isso que o tal peão foi invalidado. 

A coreana Young You levou a medalha de bronze para casa e deixou uma boa impressão artística. Ela tem participado em diversos espectáculos na Coreia do Sul, incluindo o que é organizado pela veterana Yuna Kim. Penso que isto lhe tem dado algum traquejo na interpretação da música e na performance. Já há algum tempo que tenho acompanhado as apresentações desta jovem e parece-me que a federação coreana tem aqui um talento em quem deve apostar. Em termos técnicos ainda há um longo caminho a percorrer. No programa curto, onde obteve 64.45pts, ela não definiu a entrada no triplo flip com clareza conforme mandam as regras. Além disso, na combinação de triplo lutz+triplo toeloop faltou 1/4 de volta na terceira rotação do toeloop. No programa livre ela conseguiu uma nota de 119.53pts. Mesmo no final do livre, a patinadora realizou um peão de combinação com mudança de pé mas houve um claro desequilíbrio no final do elemento. No entanto o juiz do Canadá aplicou o grau positivo +3 no grau de execução desse peão… O triplo loop acabou por ser o único elemento punido com grau de execução negativo. 

A quarta classificada deste grande prémio júnior foi uma agradável surpresa. Yi Christy Leung de Hong Kong já tem alguma experiência em competições internacionais mas nunca a tinha visto tão bem como agora. Yi tem contado com ajuda de diversos treinadores durante a sua carreira mas de momento está integrada no grupo comandado por Tammy Gambill nos Estados Unidos. Os seus programas foram coreografados por Rohene Ward (curto) e por Shae-Lynn Bourne (livre) e Yi esteve à altura do desafio. Pareceu-me que ela está pronta para avançar para o escalão sénior. Claro que ainda é necessário melhorar vários aspectos da sua patinagem mas ela está no bom caminho. Ainda faltam transições tanto no programa curto como no livre mas se ela continuar a evoluir assim talvez seja possível corrigir esse problema na próxima temporada. 
No programa curto, Yi Christy Leung ficou com uma nota de 61.96pts. Dos sete elementos técnicos apresentados, apenas um foi punido com grau de execução negativo. Foi o que aconteceu à combinação de triplo lutz+triplo toeloop pois a última rotação do toeloop não foi completada. Penso que ela cometeu esse erro porque a posição da lâmina do pé de apoio não foi a ideal na recepção do lutz. Por esse motivo a entrada no toe loop não lhe permitiu garantir a tensão e rapidez necessária para cumprir as três rotações. 
Esta atleta obteve 115.26pts no programa livre. O único elemento punido com grau de execução negativo foi a combinação de triplo flip+duplo toe loop. Isso aconteceu porque faltou cerca de 1/4 de volta na terceira rotação do flip. Parece-me que os juízes podiam ter sido um pouco mais generosos no que diz respeito às notas nos segmentos que fazem parte dos componentes. Somente a juíza húngara marcou notas de 7.00 ou 7.25 nos segmentos de performance, composição e interpretação da música. 
Neste momento, os responsáveis da federação chinesa que a deixaram escapar para a federação de Hong Kong devem estar com as orelhas a arder…

As atletas japonesas Tomoe Kawabata e Yuhana Yokoi ficaram classificadas na quinta e sexta posição respectivamente. Confesso que esperava um pouco mais das duas. Yuhana conseguiu o segundo lugar no programa livre mas isso não foi suficiente para colocá-la no pódio visto que no curto ela não foi além da nona posição. 

Na categoria masculina o grande destaque foi para Stephen Gogolev. O jovem canadiano de origem russa arrasou a concorrência e venceu com 16.32 pontos de avanço sobre o segundo classificado.
A prestação de Stephen neste grande prémio garantiu-lhe um lugar na história pois esta foi a primeira vez que um atleta canadiano conseguiu realizar um quádruplo lutz em competição. A proeza foi realizada no programa livre. 
No programa curto ele conquistou 77.67pts. A sua prestação foi convincente apesar de um pequeno erro na recepção do triplo axel. Gostei bastante da atitude e acima de tudo da intensidade do olhar durante o programa. Stephen não se mostrou nada intimidado com a responsabilidade desta estreia no circuito do grande prémio júnior. Neste programa ele demonstrou que tem espirito competitivo. É um bom sinal para o futuro. 
No programa livre a sua pontuação totalizou 148.96pts. Na verdade esperava-se um pouco mais por causa dos elementos que ele tinha anunciado previamente. A maior expectativa era de ver se Stephen realmente ia tentar o quádruplo lutz e ele cumpriu a promessa. A recepção desse salto foi um pouco pesada mas o elemento acabou por receber grau de execução positivo. Para além do quádruplo lutz, Stephen também arriscou com sucesso um quádruplo toe loop e uma combinação de quádruplo salchow+triplo toe loop. Estes elementos foram efectuados no início do esquema. Na segunda metade do programa livre, Stephen mostrou-se periclitante e isso fez com que o triplo axel, o triplo lutz e a combinação de triplo loop+1Euler+duplo salchow tenham sido punidos em sede de grau de execução. No caso do axel a penalização teve de ser de -5 porque o jovem canadiano caiu na recepção do salto. Para além do grau -5, a queda também fez com que fosse aplicada uma dedução automática de -1 ponto. Apesar destes erros Stephen não baixou os braços e continuou a lutar. 
Mesmo sem ter sido uma prestação imaculada, é óbvio que este atleta do grupo do treinador Brian Orser tem uma margem de progressão significativa. 

O japonês Mitsuki Sumoto era um dos favoritos à vitória mas teve contentar-se com a medalha de prata. Mitsuki é treinado por Yoshinori Onishi. Nanami Abe, que no passado trabalhou com Yuzuru Hanyu, é a sua coreografa. Este grande prémio júnior foi a segunda competição internacional da temporada pois ele competiu no CS Asian Open Figure Skating Trophy, onde alcançou a quarta posição.
No programa curto este jovem de 17 anos ficou com uma nota de 74.13pts. Eu gostei do programa essencialmente por causa da coreografia e interpretação. Este patinador tem umas linhas bonitas e define bem as posições. Foi pena que ele tenha cometido um erro na recepção do triplo axel inicial porque de resto as coisas correram bem. Aliás o triplo axel foi o único elemento punido com grau de execução negativo.
No programa livre Mitsuki conseguiu uma pontuação de 136.18pts. O japonês confirmou no livre as qualidades que já havido demonstrado no curto. O triplo flip isolado foi o único elemento punido com grau de execução negativo porque faltou 1/4 de volta na terceira rotação.
Apesar das suas óbvias qualidades, a escolha dos elementos de saltos foi intrigante. Mitsuki não arriscou qualquer quádruplo e demonstrou dificuldades no axel. No entanto não é de descartar que esta escolha em relação aos quádruplos tenha a ver com o facto de estarmos no mês de Agosto e o seu estado de forma ainda não ser o ideal. 
Este é um dos patinadores que espero ver na grande final em Dezembro.

O italiano Daniel Grassl arrecadou a medalha de bronze. Daniel já obteve bons resultados internacionais na sua curta carreira mas não havia grandes expectativas de que ele ficasse no pódio nesta competição devido à concorrência de Andrew Torgashev e Roman Savosin. Este foi um excelente resultado para ele e abre-lhe caminho à possibilidade de qualificação para a grande final. 
Daniel é um atleta muito agradável em pista e tem presença. No entanto a técnica é um pouco preocupante nesta fase por causa da posição do corpo durante o voo nos saltos. Falta-lhe um pouquinho mais de tensão principalmente na posição da perna livre. Nota-se que ele está mais crescido e deve estar a passar por um período de ajustamento. Eu não sei ao certo mas ele já deve ter cerca de 1,76cm de altura e tem apenas 16 anos. 
O programa curto de Daniel ficou com 71.86pts. Todos os elementos conquistaram grau de execução positivo mas é de salientar que a definição de entrada no triplo flip não foi feita de forma clara como mandam as regras. 
No programa livre Daniel conseguiu 124.40pts e teve vários problemas. A tentativa de quádruplo lutz correu-lhe mal e o patinador acabou por cair. Esse salto foi mau desde a descolagem até à recepção. Ele estava de tal maneira curvado durante a definição de entrada do lutz que a posição do corpo durante o voo não foi a melhor e a queda tornou-se inevitável. Claro que o quádruplo lutz acabou punido com grau de execução negativo e foi ainda aplicada uma dedução automática de um ponto devido à queda. Os outros elementos punidos com grau de execução negativo neste programa foram o triplo flip (novamente o problema de falta de clareza na definição), combinação de triplo axel+1Euler+triplo salchow, duplo axel, triplo axel, combinação de triplo lutz+triplo toe loop e combinação de triplo lutz+triplo loop. Ou seja não houve um único salto no programa que tenha sido limpo. 
Daniel manteve uma boa atitude durante todo o programa livre e tentou disfarçar os erros. Ironicamente a coreografia e a interpretação não foram muito afectadas pelos problemas técnicos nos saltos.

O estadunidense Andrew Torgashev e o russo Roman Savosin tiveram de contentar-se com a quarta e quinta posições respectivamente. Esperava-se um pouco mais de Roman visto que na temporada passada ele conseguiu qualificar-se para a grande final. Mas a competição é assim mesmo. Não basta ter estatuto. 

A categoria de pares foi totalmente dominada pela Rússia com toda a justiça.
Mishina & Galliamov conquistaram o ouro, Panfilova & Rylov arrecadaram a prata e Akhanteva & Koselov ficaram com o bronze. 

Confesso que fiquei bastante contente com o resultado de Anastasia Mishina e Aleksandr Galliamov. Anastasia é uma das atletas mais promissoras no escalão júnior e no passado obteve resultados muito bons com o seu anterior parceiro Vladislav Mirzoev. Aliás, parecia que Anastasia e Vladislav estavam destinados a altos voos. Mas Vladislav quebrou a parceria e os comentários em público não foram nada bonitos… Ele queria que Anastasia perdesse peso e achava que ela não estava ao seu nível.
Anastasia não baixou os braços e recomeçou a carreira com Aleksandr Galliamov. Mirzoev anda desaparecido de cena mas Anastasia voltou à alta roda. Ironias da vida…
Embalados por uma música de Robbie Williams, Anastasia e Aleksandr conquistaram 64.38pts no programa curto. A sua apresentação foi dinâmica e os elementos técnicos foram limpos. 
No programa livre a sua nota foi 120.42pts. Um dos grandes destaques foi a execução do triplo loop lançado. A posição de saída da patinadora foi correctíssima e ela manteve-a durante alguns segundos, enquanto deslizava para trás, numa tremenda demonstração de controlo. Eles arriscaram na combinação de saltos lado-a-lado ao apresentarem triplo salchow+1Euler+triplo salchow. A colocação de um Euler dificulta sobremaneira a combinação pois torna-se difícil aos patinadores manterem a sincronização. Esta combinação de saltos foi o único elemento punido com grau de execução negativo pois faltou 1/4 de volta na terceira rotação do triplo salchow final do patinador. 
Gostei bastante deste par principalmente por causa da amplitude que conseguem dar aos elementos técnicos e da presença que têm em pista.

Apollinaria Panfilova & Dmitry Rylov ficaram na segunda posição final mas conquistaram muitos fãs. Este par é uma joia e a sua margem de progressão é elevada. A qualidade base de patinagem dos dois atletas é cinco estrelas e atrevo-me a dizer que em termos de postura e linhas corporais são melhores do que Mishina & Galliamov. Eles têm um deslizar tão suave! 
No programa curto Apollinaria e Dmitry ficaram com uma pontuação de 57.95pts. Durante a sequência de passos a patinadora cometeu um erro grave ao cair num passo. Nos poucos segundos de interrupção devido à queda da patinadora, a sequência de passos baixou do nível 4 para o 3 (isso significa que foi apurado um valor base mais baixo do que estava previsto) e por causa da aplicação obrigatória de grau de execução negativo foi-lhes retirado 1.46pts. A queda também originou a aplicação de uma dedução automática de um ponto. No peão eles não conseguiram tantos pontos como gostariam devido a momentos de dessincronização entre os dois parceiros. 
No programa livre este par conseguiu uma nota de 115.42pts. Eles brilharam neste esquema mas foram muito conservadores na escolha dos saltos lado-a-lado, tendo optado por uma combinação de duplo axel+1Euler+duplo salchow e duplo loop. Os saltos lançados e as figuras de elevação foram impecáveis, tendo em conta que eles só tem 15 e 17 anos respectivamente. 
Se há uma lição que este par pode tirar desta competição é a que têm de trabalhar afincadamente na espiral da morte. Tanto no curto como no livre, a espiral da morte não foi além do nível 1. Isso fê-los ficar em desvantagem no valor base. Talvez na próxima competição as coisas corram melhor. 

Kseniia Akhanteva & Valerii Kolesov partilham a mesma idade de Panfilova & Rylov (ela com 15 e ele com 17 anos) mas têm um ar mais juvenil do que os seus compatriotas. Kseniia e Valerii são certinhos na execução dos elementos técnicos mas em termos artísticos não tiveram tanto impacto como Panfilova & Rylov. 
Kseniia e Valerii obtiveram uma pontuação de 60.14 no programa curto e no livre conseguiram 113.10pts. 
A diferença final entre este par e Panfilova & Rylov foi apenas de 0.13pts por isso é bem possível que a federação russa volte a apostar neles para mais uma prova deste circuito do grande prémio júnior.

A categoria de dança foi dominada pelo par russo Elizaveta Khudaiberdieva & Nikita Nazarov que arrecadaram a medalha de ouro sem concorrência à altura. A medalha de prata ficou nas mãos dos seus compatriotas Elizaveta Shanaeva & Devid Naryzhnyy. A medalha de bronze foi garantida pelos estadunidenses Eliana Gropman & Ian Somerville. 

Elizaveta e Nikita arrasaram na dança rítmica e alcançaram 65.01pts com a sua prestação. Desde o primeiro segundo da prova, Elizaveta e Nikita demonstraram maturidade, desenvoltura, atitude e carisma. Em alguns momentos pareciam um par da categoria sénior. Eles também mostraram solidez técnica e apenas houve um ligeiro problema na saída da figura de elevação pois a patinadora desequilibrou-se um pouco. O erro foi ligeiro e Elizaveta disfarçou-o muito bem com o auxílio de Nikita.
Na dança livre este par ficou com uma nota 95.23pts e confirmou todas as qualidades evidenciadas na dança rítmica. Numa altura em que parece já estar tudo inventado, Elizaveta e Nikita conseguiram incluir diversos pormenores no esquema com originalidade. 
Eu fiquei particularmente impressionada pelo facto deles se olharem nos olhos com intensidade em vários momentos durante a dança rítmica mas também na livre. A única razão que me deixa um pouco de pé atrás é a diferença de idades. Nikita tem 20 anos e só poderá competir no escalão júnior por mais um ano. Elizaveta tem apenas 15 anos. A patinadora ainda está em fase de crescimento e isso poderá afectar a viabilidade deste par para o futuro. Se não fosse isso, arriscaria dizer que eles têm todas as qualidades para se tornarem um par de topo nos seniores, dentro de pouco tempo. Convém ficar com este Nikita debaixo de olho porque ele é um senhor patinador. 

Elizaveta Shanaeva e Devid Naryzhnyy são provenientes do grupo liderado pela dupla de treinadores Alexander Svinin e Irina Zhuk. Este par também trabalha com o antigo patinador Ivan Volobuev. Quanto às idades, Elizaveta tem 15 anos e Devid tem 18. Fora das pistas de gelo, Devid demonstra ter uma personalidade divertida. Quando ele foi entrevistado pela ISU para a pequena biografia oficial no sítio oficial, perguntaram-lhe qual o seu passatempo e Devid respondeu "cantar no duche" rsrsrs
Elizaveta e Devid ficaram com 60.51pts na dança rítmica. A nota só não foi melhor por causa das duas sequências de passos obrigatórios de tango argentino. A primeira sequência ficou-se pelo nível 2 e eles não acertaram no segundo e no quarto pontos-chave dos passos. Isto implicou que eles não alcançassem um valor base tão bom como pretendiam e não conseguiram amealhar graus de execução tão bons como podiam. A segunda sequência de passos obrigatórios alcançou o nível 3 mas eles não atingiram o segundo ponto-chave dos passos. Felizmente que eles têm tempo de corrigir esta situação até à sua próxima competição.
Na dança livre a sua nota foi de 91.91pts. Neste esquema quero destacar a originalidade e a dificuldade nos movimentos antes da entrada nos bonitos twizzles. A coreografia foi muito detalhada e o esquema esteve dividido em duas partes. A primeira parte foi mais clássica mas na segunda eles optaram por um arranjo moderno do tema "Sansão e Dalila". Esta mudança resultou muito bem. 
Elizaveta e Devid são expressivos e parecem muito confortáveis um com o outro. Quando comparados com os seus compatriotas parece-me que falta um pouco de sofisticação a Elizaveta e Devid. Eles são muito energéticos mas parece-me que ainda têm de aprender a controlar todo o ímpeto que têm. É preciso dar-lhes tempo para evoluir. 

Foi com satisfação que vi Eliana Gropman e Ian Somerville (Estados Unidos) conquistarem a sua primeira medalha no circuito do grande prémio júnior. Eles já têm bastante rodagem internacional mas tinha faltado sempre qualquer coisa. Finalmente chegaram ao pódio. Eu tenho acompanhado a evolução deles desde a altura em que eles eram treinados pelo veterano Igor Shpilband e gosto bastante do par. Ambos têm 17 anos e patinam juntos desde a temporada 2009/2010. 
Quem quiser saber mais sobre eles pode visitar o seu site oficial. É só clicar neste link https://gropman-somerville.ice-dance.com/our-background/
A dança rítmica de Eliana e Ian ficou com 60.37pts. Eles estiveram certinhos na execução dos elementos técnicos. Na parte artística faltou um pouquinho de projecção e paixão. Isso tornou-se mais visível visto que o tema da dança rítmica para esta temporada é o tango argentino.
Na dança livre este par obteve 88.59pts. A coreografia do programa foi inspirada no musical francês "Mozart, L'ópera rock". Eles pareceram muito à vontade na parte da interpretação e Ian foi mais convincente do que na dança rítmica. 

Como esta publicação já vai longa vou acabar por aqui. Espero que tenham gostado.
Em breve vou publicar mais coisas aqui no blogue. Fiquem atentos e boa patinagem :)


Momentos

Stephen Gogolev (Canadá)
Stephen Gogolev e Lee Barkell 

Mitsuki Sumoto (Japão)

Gabriel Folkesson (Suécia)

Mauro Calcagno (Argentina)

Cerimónia protocolar: 1.º Stephen Gogolev, 2.º Mitsuki Sumoto, 3.º Daniel Grassl


Mishina & Galliamov (Rússia)

Mishina & Galliamov (Rússia)

Panfilova & Rylov (Rússia)

Panfilova & Rylov (Rússia)

Akhanteva & Kolesov (Rússia)

Akhanteva & Koselov (Rússia)

Rabkova & Gresko (Bielorrússia) 

Rabkova & Gresko (Bielorrússia)

Yi Christy Leung (Hong Kong)

Yi Christy Leung (Hong Kong)

Pooja Kalyan (Estados Unidos)

Alessia Tornaghi (Itália)

Andrea Montesinos Cantu (México)

Andrea Montesinos Cantu (México)

Andrea Montesinos Cantu (México) com a sua treinadora

Smilla Szalkai (Suécia)

Smilla Szalkai (Suécia)

Virginia Elisa Bustos (Argentina)

Cerimónia protocolar: 1.º Anna Shcherbakova (Rússia), 2.º Anna Tarusina (Rússia), 3.º Young You (Coreia do Sul)

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