domingo, 8 de abril de 2012

CM - Pares - Análise programa curto

Campeonatos do mundo 2012

Categoria: Pares

Análise do programa curto

Savchenko & Szolkowy - Os pupilos de Ingo Steuer não puderam participar nos campeonatos da Europa devido a lesão da patinadora. Embora ainda não se encontre completamente recuperada, Savchenko mostrou-se determinada em competir nos campeonatos do mundo. Em boa hora o fez. Após a realização do programa curto, este par encontrou-se em primeiro lugar. Com uma entrada em grande no programa, patinado ao som da banda sonora do filme "Anjos e Demónios", Savchenko e Szolkowy executaram um triplo axel lançado. Não se pode dizer que tenham tido sucesso absoluto porque Savchenko fez a recepção do salto com os dois pés no gelo. Ao nível do grau de execução do elemento tiveram uma penalização de -0.86 mas mesmo assim reuniram aqui um total de 6.64 pontos. Mesmo com este problema é sempre um gosto ver um par arriscar elementos novos e dificeis. No triplo twist assistido, na espiral da morte, peão de par, sequência de passos e na figura de elevação consiguiram obter graus de execução positivos. No entanto, no triplo toe loop lado a lado Robin não foi perfeito na recepção do salto e isso custou-lhes -1.30 de penalização.
Notou-se que não estavam no seu melhor mas mesmo assim foi mais do que suficiente para chegar à liderança com justiça.











            Savchenko & Szolkowy a abraçarem-se no final do seu programa curto

Pang & Tong - Sem registos de competição internacional nesta temporada, estes chineses são à mesma um peso pesado desta categoria e não podem ser descartados como aliás vieram a comprovar. Campeões do mundo em 2006 e 2010 e vice-campeões olímpicos em Vancouver, a dupla chinesa apresentou-se um pouco lenta no programa curto mas os elementos técnicos foram regra geral bem executados. Ao som da maravilhosa música de Frederic Chopin, este par iniciou o seu esquema com triplo toe loop lado a lado. O patinador não teve hipótese de segurar convenientemente a saída do salto. Por isso perderam -1.60 do valor base do elemento. Daí para a frente não tiveram praticamente mais problemas. No triplo twist, Pang & Tong não deixaram os seus créditos por mãos alheias e mostraram por que é que este elemento faz parte da sua imagem de marca. Óptima elevação da patinadora, rotações rápidas e com o eixo muito alinhado, o patinador a colocar os braços para baixo enquanto a patinadora executa as rotações mas apanhando-a com imensa segurança. Assim foram premiados com +1.30 no grau de execução no salto assistido. Na espiral da morte, na figura de elevação, peão de par e sequência de passos tiveram muito bem. No triplo loop lançado brilharam e conseguiram juntar +1.30 de grau de execução ao valor base do elemento (5.00).
Ao nível da apresentação foram consistentes com aquilo que já conhecemos deles: elegantes, suaves, plásticos, com transições muito belas e uma qualidade base de patinagem muito acima da média.
                                Pose inicial do programa de Pang & Tong


Takahashi & Tran - Surpreendentemente o par japonês ficou em posição de discutir um lugar no pódio. Ao som de um arranjo de "Imagine" de John Lennon apresentaram-se de uma forma muito elegante. A coreografia foi muito bem conseguida e isso reflectiu-se numa nota de componentes de 30.43 pontos. Em termos técnicos iniciaram o seu esquema com um triplo salchow lado a lado que realizaram com sucesso. Seguiram-se os seguintes elementos: triplo twist assistido, triplo salchow lançado, peão de par, figura de elevação, sequência de passos e espiral da morte. No salto lançado tiveram uma penalização de -0.30 devido a um problema na sua recepção por parte da patinadora visto que a perna livre tocou no gelo nessa altura, ainda que tenha sido de forma ligeira. Durante todo o programa fizeram questão de demonstrar/aproveitar a enorme flexibilidade de Takahashi. Isso foi particularmente visivel na figura de elevação e, em consequência, tiveram +1.00 ponto ao nível do grau de execução do elemento a acrescentar ao seu valor base de 4.00 pontos. O elemento onde conseguiram um maior valor no grau de execução foi a espiral da morte (+1.40 a acrescentar ao valor base de 3.50).
Evidenciaram ainda uma qualidade de deslizamento acima da média e a suavidade da sua patinagem ajudou a tornar o programa mais espectacular. As transições entre elementos foram muito boas e com velocidade. Impressionaram-nos bastante também pelas posições de elevado grau de dificuldade e beleza para a entrada dos elementos obrigatórios.
        Takahashi demonstra a sua enorme flexibilidade durante a figura de elevação

Bazarova & Larionov - Os vencedores da medalha de prata nos campeontos da Europa desta temporada são dos representantes russos aqueles que ficaram melhor classificados no programa curto. No entanto também eles não foram perfeitos pois logo no triplo toe loop lado a lado Larionov não esteve bem e o par acabou penalizado em -1.40. O seu melhor elemento em termos de pontução foi o triplo twist, onde arrebataram 7.20 pontos. No triplo flip lançado, na lindissima espiral da morte, no peão de par, na figura de elevação e na sequência de passos, este par conseguiu acrescentar pontos positivos ao nível do grau de execução de todos esses elementos.
Nos segmentos avaliados na segunda nota denominada nota dos componentes (artistica) tiveram uma média que alcançou a marca dos 7 pontos em todos eles.
Um momento caricato aconteceu no final do programa deste par russo pois na posição final Larionov desequilibrou-se para trás e caíu arrastando Bazarova com ele. Felizmente para eles, essa queda aconteceu após o final da música e, como tal, ocorreu após o programa se considerar terminado. Por causa disso notou-se que ambos ficaram angustiados porque não se aperceberam bem na altura se a música já tinha terminado ou não. Só suspiraram de alivio quando viram as notas. Lembramos que caso a queda tivesse ocorrido antes da música ter terminado, este par seria penalizado em 2 pontos visto que ambos caíram no gelo.
                       Bazarova & Larionov a executarem a espiral da morte

Duhamel & Radford - Começamos por salientar que este par canadiano chegou a estes campeonatos do mundo com vontade de dar nas vistas. Dizemos isto pois foram os únicos a arriscar a realização do lutz como salto lado a lado. Infelizmente as coisas não lhe correram bem pois Radford caíu na recepção do salto e Duhamel não foi muito segura na saída e teve de colocar a mão do gelo para não cair. Este par foi automaticamente penalizado com 1 ponto de dedução por causa dessa queda. Ao nível do grau de execução do elemento perderam -2.10. Os restantes elementos correram razoavelmente bem e o juízes atribuiram-lhes graus de execução positivos no triplo twist assistido, espiral da morte, peão de par, figura de elevação, salto lançado e sequência de passos. Salienta-se ainda que o triplo flip lançado foi executado mesmo no final do programa curto e apreciamos muito os atletas que se expõem a correr estes riscos. Lembramos que executar elementos de grande exigência física e de elevada complexidade técnica é sempre mais dificil de fazer no final do esquema porque os musculos já não estão tão frescos.
   O momento em que Radford cai na recepção do Lutz e Duhamel coloca a mão no gelo

Volosozhar & Trankov - Partindo de uma posição de favoritos a medalhas e com os olhos postos no ouro, os actuais campeões da Europa tiveram uma tarde desastrosa. Basta dizer que ficaram doze pontos abaixo da nota de programa curto que obtiveram esta temporada no troféu Skate Canada durante o circuito do Grande Prémio. Custa-nos a crer que os problemas técnicos tenham aparecido devido aos nervos. Ambos os patinadores têm uma vasta experiência competitiva, ainda que também com outros parceiros, e nos campeonatos do mundo do ano passado patinaram muito bem apesar de terem uma enorme pressão sobre os ombros por estarem perante o seu público em Moscovo. Foi angustiante vê-los falhar nos elementos técnicos.
Ao som de um arranjo da música "Bring me to Life" dos Evanescence, este par executou primeiramente o triplo twist assistido. Como é habitual neles, a patinadora alcançou uma altura estupenda na realização deste salto assistido mas, estranhamente, a recepção não foi totalmente segura por parte dela. Em resultado disso apenas conseguiram 6.10 pontos neste elemento (5.00 de valor base e +1.10 de grau de execução). O triplo toe loop lado a lado foi sem dúvida o elemento que mais gostámos de ver desta vez. Foi bem executado, com boa sincronia e boa recepção na saída.
No triplo flip lançado a patinadora teve de fazer uma recepção com os dois pés no gelo para conseguir aguentar a saída e, por isso, o juízes penalizaram o par com -1.10 no grau de execução deste elemento. A figura de elevação foi ao nível do que nos têm habituado, ou seja, espectacular. A sequência de passos também foi óptima e por isso mereceu a classificação de nível 4 e 5.20 pontos. E depois...bem, depois foi o choque de ver um par desta categoria cair durante a realização da espiral da morte! Ele não conseguiu aguentar a posição na figura e caíu para trás fazendo com que Tatiana também caísse. Só com a queda perderam 2 pontos na nota técnica. Finalizaram o seu programa com o peão de par.
Maxim e Tatiana ficaram incrédulos e inconsoláveis mas este par tem todas as condições para melhorar a sua classificação durante o programa livre.


                            Volosozhar & Trankov desolados com a sua nota

Marley & Brubaker - Jenni Meno e Todd Sand, que costumavam competir juntos também na prova de pares, tendo chegado a vencer a medalha de prata nos mundiais de 1998, são os treinadores destes jovens norte-americanos. E devem estar contentes pois Marley & Brubaker estiveram muito bem. No início do esquema com triplo toe loop lado a lado que lhes valeu +0.60 ao nível do grau de execução. O seu triplo twist assistido foi classificado de nível 1 mas rendeu-lhes +0.30 de grau de execução. O seu peão de par foi bonito mas houve alturas, particularmente na segunda mudança de posição, em que não esteve muito centrado. Para salto lançado escolheram executar o triplo flip. Esse foi o único elemento obrigatório onde os juízes os penalizaram com um grau de execução negativo (-0.30). Este par não teve problemas na realização da sequência de passos, da espiral da morte e da figura de elevação que aliás foi de nível 4. A coreografia foi fresca e jovial e eles interpretaram-na muito bem. Mesmo assim, na segunda nota, que é a que se refere aos componentes do programa, Marley e Brubaker tiveram o seu ponto forte no segmento de performance e execução onde alcançaram 6.82 pontos. Ficàmos muito impressionados com este par.
                     Brubaker mostra o seu sorriso de satisfação no final do programa

Kavaguti & Smirnov - Este belissimo par russo treinado por Tamara Moskvina reapareceu nos campeonatos do mundo após terem falhado os europeus devido ao facto de Smirnov ter sido submetido a uma intervenção cirurgica em sequência de uma apendicite. O programa começou de forma auspiciosa com a realização de triplo toe loop lado a lado, onde este par amealhou 4.40 pontos. O triplo twist assistido não nos pareceu tão bom como é habitual neste par, pois ela não obteve muita elevação, mas mesmo assim conseguiram um grau de execução de +0.10. O triplo loop lançado foi muito seguro. Seguiu-se uma excelente sequência de passos de fazer inveja a alguns pares de dança. Os juízes recompensaram-nos com 5 pontos (3.90 de valor base acrescidos de 1.10 de grau de exceução). E não é que a seguir este par russo cometeu um erro exactamente num elemento em que é considerado exímio? Assim aconteceu na figura de elevação. No final deste elemento, Smirnov caíu para trás e Kavaguti caíu em cima dele. Não bastassem os dois pontos de penalização da nota técnica, esta queda fez com o par se perdesse um pouco na sequência da coreografia e isso, no nosso ponto de vista, afectou a fluidez artistica do programa. Na espiral da morte apenas tiveram a classificação de nível 2 e a pontuação de 2.80 pontos pois na mudança de apoio a patinadora esteve próxima de cair. Terminaram o seu programa com um peão de par. Foi uma pena que não tenham conseguido sucesso pois a coreografia do seu programa curto (da autoria de Peter Tchernyshev) é belissima e tem posições intermédias de grande efeito estético.

                           O momento em que Smirnov caíu para trás

Morand & Leemann - Estes dois atletas suíços nunca tinham estado juntos em campeonatos do mundo. A sua participação foi honrosa mas insuficiente para avançar para a última fase da competição que é o programa livre. Mesmo assim conseguiram melhorar a nota de programa curto quando comparamos os resultados que tiveram nesta época noutras competições. O seu primeiro elemento no programa foi um triplo lutz lançado mas a recepção não foi a melhor por parte da patinadora. Esse elemento tinha um valor base de 5.50 mas perderam 1.50 no grau de execução, conquistando apenas 4 pontos. Seguiu-se a execução de duplo axel lado a lado, duplo twist assistido, espiral da morte, figura de elevação que teve - 0.07 no grau de execução, peão de par e, para finalizar, a sequência de passos. Na parte artistica, os seus maiores problemas foram nas transições entre elementos e na interpretação da música, sendo que se nota que Anais Morand é mais madura e experiente na apresentação do que o seu parceiro Timothy Leeman.
                     Morand & Leemann durante a execução do salto assistido
Kemp & King - Este par britânico treina na Florida, nos Estados Unidos, com Jeremy Barrett. De longe esta não foi a sua melhor apresentação. Tiveram dois erros muito graves pois a patinadora caiu no triplo toe loop lado a lado e no triplo loop lançado. Só tiveram graus de execução positivos em dois elementos: a espiral da morte e o peão de par. É uma pena que este par não tenha conseguido fazer melhor pois nota-se que adoram patinar e têm uma quimica muito boa entre eles e isso é sempre importante para o lado artistico. Ainda no que se refere ao lado artistico, na nossa opinião o patinador devia melhorar a sua postura ao nível dos ombros.
                                    Pose final do programa de Kemp & King

Ri & Thae - É muito interessante assistir à participação de um par de um país tão fechado ao mundo como é a Coreia do Norte. Ri & Thae são ainda muito jovens e demonstraram uma patinagem muito bonita apesar de terem alguma limitações ao nível técnico e artístico. Começaram o seu programa com um triplo twist fluído e seguro, com a patinadora a alcançar uma altura considerável. Foi talvez o seu melhor elemento pois conseguiram um grau de execução de +0.30. Logo de seguida avançaram com muito rapidez para o triplo toe loop lado a lado mas aí não tiveram tanto sucesso. Thae não conseguiu completar bem a rotação do salto e fez uma recepção deficiente do mesmo. O salto lançado que escolheram executar foi o flip e foi razoável. Na figura de elevação conseguiram obter uma pontuação de 3.29 (3.00 de valor base da figura que executaram com +0.29 de grau de execução). Até essa altura o programa estava a decorrer do ponto de vista artistico mas chegados ao ponto de realizar o peão de par deu-se um erro grave. A patinadora desequilibrou-se totalmente aquando da mudança de posição durante o peão e o par acabou por perder o balanço que tinha para completar as piruetas que faltavam. Resumindo: não conseguiram pontos nenhuns desse elemento. Depois de completarem a sua sequência de passos, estes dois escolheram o elemento espiral da morte para terminar o seu programa curto. O seu maior problema, para além do erro grave no peão de par, foi sem dúvida a falta de ligação entre os elementos obrigatórios e as poucas ou nenhumas transições.
No entanto deixaram uma boa impressão e gostaríamos de ver este par evoluir mais pois tem talento e poderá ajudar a desenvolver esta disciplina da patinagem artistica no seu país.

                                           Ri & Thae erram no peão de par

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