segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Challenger Series - Troféu Ondrej Nepela 2017

Challenger Series 2017/2018


Troféu Ondrej Nepela 2017


Senhoras




Na categoria feminina, Evgenia Medvedeva conquistou a medalha de ouro tal como era esperado. A medalha de prata ficou com a japonesa Rika Hongo e a medalha de bronze foi para Elena Radionova.


Evgenia Medvedeva garantiu a vitória com um somatório de 226.72pts.


A bicampeã mundial arrasou no programa curto onde obteve uma pontuação de 80.00pts. O programa é um primor quer na construção técnica quer na parte artística. A coreografia da responsabilidade de Ilya Averbukh assenta-lhe que nem uma luva. A leveza com que ela patinou o programa e passou de uns elementos técnicos para outros é de deixar qualquer um de queixo caído. Em termos técnicos destaque para o facto de os saltos terem sido todos efectuados na segunda metade do esquema para beneficiar de bónus no valor base. A execução geral foi admirável e ela recebeu uma clara maioria de +2 e +3 no grau de execução. Na segunda nota, o juiz n.º 5 não hesitou em marcar a nota de 10.00 no segmento da performance. Em compensação, o juiz n.º 6, com o devido respeito, devia estar a dormir pois não lhe marcou um único segmento acima de 8.75.


No programa livre, Evgenia teve momentos de grande brilhantismo como já nos habituou mas cometeu dois erros técnicos. No triplo lutz ela não definiu a entrada no salto com a lâmina do pé de apoio na posição correcta e além disso desequilibrou-se na recepção. Em consequência, o triplo lutz foi punido com grau de execução negativo e perdeu 1.40pts do valor base. Na combinação de triplo salchow+triplo toeloop, a recepção do salchow não foi a melhor mas Evgenia com a sua experiência conseguiu salvar a situação. Mesmo assim dois juízes marcaram -1 e outros dois juízes marcaram 0 no grau de execução. Tudo o resto foi absolutamente impecável. Destaque para o facto de todas as combinações de salto terem sido colocadas na segunda metade do esquema. Na nota dos componentes, ela recebeu um 10.00 no segmento de performance por parte de um juiz e outro 10.00 no segmento de interpretação da música. Esta coreografia também é da autoria de Ilya Averbukh.


E o que dizer sobre os fantásticos vestidos de Evgenia? Absolutamente maravilhosos.


Rika Hongo deve ter ido satisfeita para casa. A temporada passada não foi nada fácil para ela. Com tantas patinadoras japonesas de qualidade a fazerem a transição de juniores para seniores nesta época, Rika teve aqui a oportunidade de afirmar perante a federação japonesa que ainda consegue ser competitiva. Este foi um excelente resultado para ela. No entanto, Rika tem trabalho de casa para fazer. É que o seu problema de falta de rotação em alguns saltos continua a persistir. No programa curto, a combinação de triplo flip+triplo toeloop foi punida com grau de execução negativo devido ao facto da terceira volta do toeloop não ter sido efectivamente completa. Aconteceu exactamente o mesmo no programa livre quando ela tentou realizar uma combinação idêntica. Em ambos os casos, Rika perdeu 0.70 do valor base de 8.30pts. Também no programa livre, a combinação de duplo axel-triplo toeloop foi penalizada em sede de grau de execução pois faltou ¼ de volta para completar a última rotação do toeloop. A falta de rotação na tentativa de triplo loop foi ainda mais gritante e o painel técnico deu ordem para o salto ser apenas cotado como duplo. Além disso, ela caiu nesse salto e foi-lhe aplicada uma dedução automática de um ponto. O triplo lutz também foi punido desta feita devido ao facto da definição de entrada do salto não ter sido limpa. No que diz respeito à segunda nota, Rika obteve um total de 31.16pts no curto e um total de 64.24pts no livre.


Elena Radionova não foi além da terceira posição. Confesso que esperava um bocadinho mais dela. No programa curto, Elena ficou com uma nota de 64.42pts, tendo dois elementos de salto sido punidos com grau de execução negativo. Foi o que ocorreu no duplo axel e na combinação de triplo lutz+triplo toeloop. Na combinação, Elena não conseguiu realmente completar a terceira rotação no toeloop. Ela não costumava cometer este tipo de erros mas são coisas que acontecem. No duplo axel, a recepção foi desequilibrada e ela teve mesmo de colocar as mãos no gelo para não cair. A sequência de passos de nível 2 também a prejudicou pois quando o nível é mais baixo a consequência é a de que o valor base também é mais baixo. Por isso, ela deixou alguns pontos na mesa devido a essa circunstância. Curiosamente, no programa livre, a sequência de passos também foi de nível 2. A equipa de treinadores de Elena ficou com trabalho de casa para fazer nas próximas semanas… No programa livre ocorreram erros graves. Na combinação de triplo flip+duplo toeloop, a entrada no flip foi claramente mal feita e o elemento teve de ser punido com grau de execução negativo. Elena acabou por ficar sem dois elementos de salto, o que a prejudicou bastante na nota. O loop simplesmente não saiu. Ela tinha previsto realizar um triplo loop como nono elemento mas arrastou tanto a entrada que acabou por cair sem conseguir realizar qualquer rotação. Claro que a queda levou à aplicação de uma dedução automática de um ponto. Depois Elena precipitou-se ao tentar novamente o triplo loop pois ficou com um elemento de salto a mais do que as regras permitem para o programa livre. Desta feita esse triplo loop foi considerado inválido e ela não recebeu qualquer ponto por esse elemento. Mesmo que tivesse contado, o triplo loop seria punido com grau de execução negativo pois a última volta não foi de facto completa.


Videos

Evgenia Medvedeva
Curto

Livre

Rika Hongo
Curto

Livre

Elena Radionova
Curto

Livre

Dabin Choi
Curto 

Livre 

Alena Leonova
Curto 

Livre 


Resultado final



Homens




Na categoria masculina, o russo Mikhail Kolyada protagonizou uma remontada digna de registo. Kolyada foi décimo classificado no programa curto mas venceu o programa livre e conseguiu a medalha de ouro. Sergei Voronov, primeiro no curto, foi segundo no livre e terminou com a medalha de prata. O australiano Brendan Kerry arrecadou o bronze.


O programa curto de Mikhail Kolyada correu-lhe mal. Ele cometeu erros em todos os elementos de salto, tendo inclusivamente caído na tentativa de quádruplo lutz. Além disso, o russo falhou a combinação e não foi além de um axel simples quando devia ter executado um triplo. Como se não bastasse a dedução automática de um ponto pela queda, Kolyada ainda foi alvo de outra dedução automática de um ponto por violação das regras de tempo. Foi para esquecer. No programa livre, Kolyada protagonizou um momento fantástico ao executar um quádruplo lutz impecável. Ele sofreu duas quedas no esquema: uma no quádruplo salchow e outra no quádruplo toeloop. Tal como no curto, Kolyada sofreu uma dedução automática por violação de regras de tempo.


Sergei Voronov é um dos patinadores mais acarinhados pelos fãs pois é conhecido pela sua simpatia. Só que a simpatia não lhe vai chegar para convencer a federação russa de que deve continuar a apostar nele. Tal como em outras ocasiões, Voronov proporcionou alguns bons momentos mas nesta competição cometeu erros em todos os saltos quádruplos que tentou executar, tanto no curto como no livre. Quem sabe se com o decorrer da temporada, o seu estado de forma possa melhorar e permitir-lhe ter mais sucesso nesses elementos tão importantes.


O australiano Brendan Kerry parece dar-se bem com os ares europeus e conquistou a sua segunda medalha de bronze no circuito Challenger Series desta temporada. É que ele também ficou no pódio no Troféu Lombardia que decorreu em Itália. No entanto, a pontuação final de Kerry no Ondrej Nepela foi 11.84pts mais baixa do que a obtida em Itália.


Nesta categoria, os atletas japoneses Keiji Tanaka e Ryuju Hino não foram além do oitavo e décimo primeiro lugar respectivamente.


Videos

Mikhail Kolyada
Curto

Livre


Sergey Voronov
Curto

Livre


Brendan Kerry
Curto

Livre

Grant Hochstein
Curto

Livre

Alexander Samarin
Curto

Livre

Resultado final



Dança




Na categoria de dança não houve muitas surpresas pois os super favoritos Ekaterina Bobrova & Dmitri Soloviev conquistaram a medalha de ouro como era esperado. Os irmãos Rachel e Michael Parsons arrecadaram a medalha de prata e Betina Popova & Sergey Mozgov seguraram a medalha de bronze.


Na dança curta assistimos a algumas curiosidades. Rachel e Michael Parsons tiveram a nota técnica mais elevada nesta fase da competição, com mais 1.48pts do que Bobrova & Soloviev. Os irmãos Parsons conseguiram o nível 4 nos twizzles, na figura de elevação e na sequência de passos circular em que os patinadores não se podem tocar. Os passos de rumba e a sequência de passos parcial dos irmãos Parsons foram de nível 3. No que toca a Bobrova & Soloviev, os passos de rumba e a figura de elevação foram classificados com o nível 4 mas os twizzles, a sequência de passos diagonal em que os patinadores não se tocam e a sequência parcial de passos foram de nível 3. Em termos de graus de execução, Bobrova & Soloviev estiveram em melhor plano do que os Parsons e conseguiram diversos +2 e +3. Os twizzles é que não permitiram que Bobrova & Soloviev obtivessem uma nota melhor pois, para além de terem sido de nível 3, foram o elemento onde eles apenas receberam 0 por parte de dois juízes e +1 por parte dos restantes. É que se notou claramente alguma falta de sincronização na segunda sequência dos twizzles. Na nota dos componentes, Bobrova & Soloviev levaram vantagem sobre os Parsons com 35.84pts contra 30.76pts. Mesmo assim, esperava-se que a diferença nos componentes fosse ainda maior entre estes dois pares.


A prestação de Bobrova & Soloviev na dança curta pode ser analisada de duas maneiras. A primeira é de que ainda estamos numa fase inicial da época e que o seu estado de forma ainda não é o ideal, pois deverão atingir o pico apenas em Fevereiro/Março. Normalmente, os patinadores tendem a afinar os programas à medida que a temporada se desenrola. Por outro lado, esta dança curta não gerou muito entusiasmo nesta prova e isso pode ser um sinal que nas competições mais importantes este programa seja o seu calcanhar de Aquiles. Eles optaram por dar enfase aos ritmos de samba em vez de versões musicais falsificadas/pseudo latinas de rumba e isso, na minha opinião, é um ponto a favor deles. A figura de elevação foi cinco estrelas como é habitual neste par. No entanto, a pose final é terrível e deselegante para a patinadora…


Ao contrário da dança curta, a dança livre de Bobrova & Soloviev foi muito elogiada e bem recebida. Eu já tinha ficado com uma boa impressão geral da coreografia quando vi os vídeos dos testes organizados pela federação russa. Em contexto de competição, este programa resultou ainda melhor do que eu estava à espera. A nota foi muito boa: 110.84pts. Desta vez eles não fraquejaram nos twizzles e conseguiram maioria de +3 no grau de execução. Os twizzles, bem como todas as figuras de elevação e o peão, foram classificados com o nível 4. As duas sequências de passos correram bem e foram de nível 3. Quanto à segunda nota, eles ficaram com médias de 9.25 na perícia, 9.00 nas transições, 9.35 na performance, 9.35 na composição e 9.35 na interpretação da música.


Quem estava à espera que os irmãos Parsons conseguissem dar luta na dança livre deve ter ficado desapontado. É que este par ficou em terceiro lugar nesta fase da prova com uma nota de 95.66pts. Tendo em conta que ainda na temporada passada eles estavam no escalão júnior, eu penso que a prestação foi globalmente positiva e que a nota obtida na dança livre foi justa. A qualidade está lá e vai ser interessante acompanhar a evolução deste par ao longo dos anos. Nesta dança livre destaco a segunda figura de elevação pois achei esse elemento um dos momentos altos do esquema. Em termos técnicos, o elemento em que eles perderam mais pontos foi na sequência de passos na diagonal pois esta apenas cumpriu os critérios estabelecidos para o nível 2 e, por esse motivo, o valor base foi um pouco mais baixo. No que diz respeito a graus de execução, este par conseguiu uma maioria de +1.


Independentemente da luta pelas medalhas, o par russo Popova & Mozgov centralizou atenções essencialmente devido à dança livre. A sua interpretação de “Carmen” deu nas vistas e salientou que os dois elementos do par têm uma presença muito boa em pista e que têm personalidade para dar e vender. Houve mesmo dois juízes que lhe atribuíram 9.25 no segmento de composição e 9.00 na interpretação da música/timing. A execução dos elementos no geral foi boa mas eles têm mesmo de melhorar os níveis. É que eles ficaram a 1.22pts da medalha de prata quando podiam ter perfeitamente ficado no segundo lugar no pódio. Na dança livre eles perderam níveis nos twizzles e na dança curta perderam níveis na sequência parcial de passos e na sequência de passos em que os patinadores não se podem tocar. Níveis mais baixos implicam valores base mais baixos, mesmo que a execução seja boa. No entanto, penso que o painel técnico foi um pouco conservador demais ao apenas atribuir o nível 2 aos twizzles na dança livre. A equipa de treinadores deste par com certeza que vai analisar bem os protocolos para tentar prevenir que essa situação aconteça em competições futuras.


Videos

Ekaterina Bobrova & Dmitry Soloviev
Curto 

Livre 

Rachel Parsons Michael Parsons 
Curto 

Livre 

Betina Popova & Sergey Mozgov 
Curto 

Livre 

Yura Min & Alexander Gamelin
Curto 

Livre 

Angelique Abachkina & Louis Thauron
Curto 

Livre 

Allison Reed & Saulius Ambrulevicius
Curto 

Livre 

Shari Koch & Christian Nuchtern
Curto 

Livre 


Resultado final



Pares

Na categoria de pares, Zabijako & Enbert seguraram a medalha de ouro com apenas 1.46pts de vantagem sobre os seus compatriotas Astakhova & Rogonov. Esta luta intensa entre estes dois pares russos não foi apenas importante para esta competição em concreto. É que estes dois pares estão em disputa directa entre si para garantir um lugar na selecção russa para as competições mais importantes. Para já, Zabijako & Enbert ganharam o primeiro round neste confronto. Claro está que o resultado nos campeonatos nacionais da Rússia será determinante mas o maior sucesso em competições internacionais durante a temporada pode servir de factor de desempate. Aguardam-se os próximos capítulos.

A Rússia acabou por garantir todas as medalhas nesta disciplina pois Efimova & Korovin, estreantes no escalão sénior, arrecadaram a medalha de bronze.
Na batalha pela liderança no programa curto, Astakhova & Rogonov ficaram à frente com uma pontuação de 67.18pts. Com um programa dramático onde não faltou um trecho da obra “Carmina Burana”, Astakhova & Rogonov mostraram que estão em boa forma nesta fase da época e que as qualidades interpretativas se mantêm. O programa está bem construído do ponto de vista técnico e artístico. Gostei bastante da forma como os elementos estão bem distribuídos consoante as variações da música pois isso nem sempre é fácil de conseguir. Os seus elementos técnicos conseguiram atingir o nível 4 e os saltos lado-a-lado e lançado correram bem. A figura de elevação e a espiral da morte interior para a frente foram os grandes destaques. Já Zabijako & Enbert têm um estilo de apresentação diferente do revelado por Astakhova & Rogonov. Um dos pontos forte de Zabijako & Enbert são as linhas limpas e isso resulta sempre lindamente nesta disciplina. É um pormenor que torna qualquer par mais refinado. Zabijako & Enbert ficaram com uma nota de 64.52pts no curto. O seu triplo toeloop lado-a-lado foi penalizado com grau de execução negativo devido ao facto de Enbert não ter realizado uma recepção muito segura. Além disso, o triplo twist foi apenas de nível 2 e isso fez com que esse elemento partisse de um valor base mais baixo. Isso reflectiu-se numa nota técnica mais baixa do que eles estariam à espera. Do ponto de vista artístico, Zabijako & Enbert demonstraram uma presença mais suave em pista, tendo a coreografia realçado o seu estilo clássico.  

No programa livre, Zabijako & Enbert impuseram-se a Astakhova & Rogonov com uma nota de 128.06pts contra 123.94pts. Ambos os pares cometeram erros em todos os saltos lado-a-lado, sendo que esses elementos tiveram de ser penalizados em sede de grau de execução. Zabijako & Enbert perderam 1.96pts devido a graus de execução negativos mas Astakhova & Rogonov ficaram sem 3.34pts. Em termos de valor técnico de partida, depois de atribuídos os níveis, a diferença nem era muita entre os dois pares (61.00 contra 60.50). A qualidade de execução dos elementos é que no geral foi favorável a Zabijako & Enbert e lhes permitiu fazer a remontada que os levou ao topo do pódio nesta competição. O peão em paralelo realizado por Astakhova & Rogonov também foi penalizado com grau de execução negativo. Artisticamente, eu prefiro o programa de Astakhova & Rogonov e penso que eles deviam ter ficado à frente dos seus compatriotas nos segmentos de performance, composição e interpretação da música. O programa de Astakhova & Rogonov não é muito habitual nesta disciplina e esse toque de originalidade devia ser valorizado. Além disso, ambos têm mais presença em pista e são mais expressivos do que Zabijako & Enbert. Claro que o programa dos vencedores também é bom mas, na minha perspectiva, faltou um bocadinho de projecção. É certo que ainda estamos numa fase inicial da temporada e que Zabijako & Enbert têm tempo para ir aprimorando essa vertente do seu programa livre. A verdade é que em duas competições internacionais nesta temporada, Zabijako & Enbert já contam com duas medalhas de ouro. 

Videos

Natalia Zabijako & Alexander Enbert
Curto

Livre


Kristina Astakhova & Alexey Rogonov
Curto

Livre

Alisa Efimova & Alexander Korovin
Curto

Livre

Jessica Pfund & Joshua Santillan
Curto

Livre

Natasha Purich & Davin Portz
Curto

Livre

Erika Smith & AJ Reiss
Curto

Livre


Resultado final


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