sábado, 31 de outubro de 2015

GP Skate America 2015 - Pares

A categoria de pares foi a primeira a ficar concluída no Troféu Skate America 2015 que corresponde ao primeiro grande prémio sénior da temporada 2015/2016. A competição decorreu em Milwaukee entre os dias 23 e 24 de Outubro de 2015.
A prova de pares foi bastante agitada e quem acabou por triunfar foram os chineses Sui & Han. 
Os resultados do programa curto ditaram que Scimeca & Knierim se tornaram os surpreendentes lideres temporários da prova, com uma nota de 69.69pts. Com uma prestação sólida, a espiral da morte, a figura de elevação, a sequência de passos e o peão de combinação foram de nível 4. O triplo twist foi de nível 3. O salto lançado foi o triplo flip. O salto lado-a-lado foi o triplo salchow mas foi punido com -0.70 no grau de execução. As médias dos segmentos dos componentes foram consistentes e traduziram-se em 7.79 na perícia, 7.26 nas transições/passos de ligação, 7.82 na performance/execução, 7.68 na coreografia/composição e 7.79 na interpretação. O segmento de transições/passos de ligação foi o que mais divisão gerou entre os juízes pois um deles aplicou a nota de 5.75 enquanto outro optou por 6.75. Os restantes juízes na sua maioria aplicaram nota na casa dos 7.00/7.25/7.50. 
Sui & Han foram segundos no curto com uma nota de 68.28pts. Este par chinês não conseguiu uma pontuação melhor pois cometeu um erro crasso durante o peão de par que levou a que o elemento fosse considerado inválido e, como tal, não recebeu qualquer ponto. O melhor elemento do programa curto foi o triplo flip lançado gigantesco que obteve classificações de +3 na escala individual de oito dos nove juízes no painel. Já agora deixo a indicação que o outro juiz atribuiu o grau de execução de +2. Os restante elementos foram um triplo toe loop lado-a-lado, um triplo twist (nível 4), uma figura de elevação (nível 4), uma espiral da morte (nível 3) e uma sequência de passos (nível 4). As suas médias nos componentes foram de 8.11 na perícia, 7.86 nas transições/passos de ligação, 8.14 na performance/execução, 8.29 na coreografia/composição e 8.25 na interpretação.
O outro par chinês em prova foi Wang & Wang e eles portaram-se bem no programa curto com uma nota de 64.95pts. Todos os elementos técnicos beneficiaram de grau de execução positivo. A sequência de passos, o peão e o triplo twist foram de nível 3. A espiral da morte e a figura de elevação foram de nível 4. O seu salto lado-a-lado foi o triplo toe loop e o salto lançado foi o triplo loop. Nos componentes do programa eles ficaram com médias de 6.89 na perícia, 6.46 nas transições/passos de ligação, 7.00 na performance/execução, 6.89 na coreografia/composição e 6.93 na interpretação. Este par tem potencial e é muito agradável de se seguir mas têm mesmo de desenvolver os segmentos dos componentes do programa. No programa curto eles tiveram cerca de dez pontos de diferença entre a nota técnica e a nota dos componentes.
Os canadianos Seguin & Bilodeau voltaram a presentear-nos com uma prestação sólida no programa curto, demonstrando que os bons resultados obtidos na temporada passada não são acasos. Com todos os elementos técnicos a receberem grau de execução positivo, os dois elementos que mais impressionaram o juízes foram o triplo twist e a sequência de passos (ambos de nível 3). A figura de elevação também foi de nível 3. O peão de par foi o único elemento com nível 4. A espiral da morte foi de nível 2. Os seus saltos foram o triplo salchow lado-a-lado e triplo flip lançado. Nos componentes, este par arrecadou 7.11 na perícia, 6.82 nas transições/passos de ligação, 7.32 na performance/execução, 7.21 na coreografia/composição e 7.39 na interpretação. 
Os vice-campeões olímpicos de 2014 Stolbova & Klimov apresentaram um programa curto em que revelaram algumas dificuldades, sendo que ainda estão longe da sua melhor forma física. O triplo twist (nível 2), a sequência de passos (nível 3) e o triplo lutz lançado foram punidos com grau de execução negativo. Stolbova caiu na realização do triplo lutz lançado e o elemento perdeu 2.10pts do valor base. Além disso ainda foi aplicado um ponto automático de dedução devido à queda. O seu salto lado-a-lado foi o triplo toe loop. O peão de par foi de nível 2 e a espiral da morte foi de nível 3. A sua nota técnica de partida foi de 30.90 e no final eles ficaram com 31.29pts, o que é revelador do quanto eles perderam em termos de grau de execução. As suas médias nos componentes do programa ficaram-se por 8.36 na perícia, 8.25 nas transições/passos de ligação, 7.93 na performance/execução, 8.57 na coreografia/composição e 8.29 na interpretação. Por acaso, na altura em que estava a assistir à prova, pensei que eles fossem mais punidos no segmento de performance/execução. 
O par Astakhova & Rogonov também participou nesta competição mas não esteve feliz. As suas notas no programa curto foram discretas e eles totalizaram 58.25pts. Sem nenhum elemento de nível 4, eles deixaram logo muitos pontos na mesa ao executarem um triplo twist apenas de nível 1. O triplo lutz lançado foi punido com grau de execução negativo. Quanto aos componentes houve um juiz que não gostou mesmo nada deles e concedeu-lhes notas entre 5.25 e 5.75 nos segmentos dos componentes do programa. As suas médias ficaram em 6.64 na perícia, 6.43 nas transições/passos de ligação, 6.71 na performance/execução, 6.71 na coreografia/composição e 6.75 na interpretação.
O programa livre provocou várias mudanças na classificação geral. Sui & Han conseguiram a liderança com uma pontuação de 133.72pts. Tecnicamente, este jovem par chinês mostrou-se sólido mas cometeu um erro no triplo salchow lado-a-lado (único elemento a ser punido com grau de execução negativo). Os dois peões foram apenas de nível 2 mas desta vez foram válidos. As três figuras de elevação alcançaram o nível 4, que é o nível máximo. Duas das figuras de elevação pertencem ao grupo 5 de dificuldade. A espiral da morte foi de nível 3. Quanto ao twist, este par arriscou um quádruplo. A combinação de saltos lado-a-lado foi de triplo toe loop-duplo toe loop-duplo toe loop e os saltos lançados foram o triplo salchow e o triplo flip. Nos segmentos dos componentes do programa, as suas médias finais foram de 8.50 na perícia, 8.21 nas transições/passos de ligação, 8.46 na performance/execução, 8.61 na coreografia/composição e 8.46 na interpretação. A queda no triplo salchow lado-a-lado valeu-lhes a aplicação automática de um ponto de dedução.
Stolbova & Klimov foram segundos no programa livre mas não foi suficiente para cobrir a desvantagem pontual que levavam do programa curto pelo que acabaram por não conseguir ficar no pódio. Este resultado deixa-os em maus lençóis para tentar a qualificação para a grande final do circuito do grande prémio que irá decorrer em Barcelona no mês de Dezembro de 2015. O painel de juízes foi bastante coerente nas notas que lhes atribuíram por segmento, sendo que isso se traduziu nas seguintes médias finais: 8.29 na perícia, 7.93 nas transições/passos de ligação, 7.75 na performance/execução, 8.21 na coreografia/composição e 8.00 na interpretação. Eles perderam automaticamente um ponto devido a queda no triplo salchow lado-a-lado, sendo que esse elemento obviamente teve de ser punido com grau de execução negativo.  O triplo salchow lançado e o primeiro peão (nível 4) também foram punidos com grau de execução negativo. As figuras de elevação e o último peão foram de nível 4 e a espiral da morte foi de nível 3. A combinação lado-a-lado foi de triplo toe loop-triplo toe loop-duplo toe loop. A sua técnica no triplo twist é que parece que regrediu desde a temporada passada e isso teve implicações no nível do elemento que se quedou pelo 2. 
Séguin & Bilodeau terminaram o programa livre em terceiro lugar com uma nota de 124.64pts, conseguindo garantir a medalha de bronze por uma margem mínima de vantagem sobre Stolbova & Klimov. Quantos aos níveis dos elementos, o triplo twist e a segunda figura de elevação cumpriram as exigências do nível 3, enquanto que os restantes elementos chegaram ao nível 4. Os seus saltos lado-a-lado foram a combinação de triplo toe loop-duplo toe loop e o triplo salchow. Os saltos lançados foram o triplo flip e o triplo loop. Os juízes foram quase unânimes na forma como classificaram os seus segmentos dos componentes e eles obtiveram médias de 7.57 na perícia, 7.43 nas transições/passos de ligação, 7.82 na performance/execução, 7.57 na coreografia/composição e 7.64 na interpretação. 
Scimeca & Knierim obtiveram uma nota de 122.28pts no programa livre e seguraram a medalha de prata graças ao curto. O seu primeiro elemento técnico foi um quádruplo twist de nível 2 em que os juízes não se entenderam quanto ao grau de execução a atribuir. Enquanto cinco juízes colocaram o grau de +3 (que é o máximo), dois deles colocaram um 0, ou seja entenderam que o elemento não merecia mais do que o valor base. Houve mesmo um juiz que aplicou -1. No entanto, em termos de média, o twist conseguiu grau de execução positivo no final. Não deixa de ser interessante como entre os juízes houve lugar a interpretações diferentes do preenchimento dos critérios que o código de pontos impõe para este elemento... Seguiu-se um triplo salchow lado-a-lado em que ele teve dificuldades na recepção e ela caiu, tendo sido aplicado grau de execução negativo. O terceiro elemento técnico foi um triplo salchow lançado em que a patinadora efectuou a recepção de forma defeituosa e que foi punido com grau de execução negativo. Depois foi a vez da espiral da morte de nível 3. O quinto elemento foi um triplo toe loop lado-a-lado que supostamente teria de ser colocado em combinação. No entanto, o Knierim caíu na recepção do salto e o elemento foi punido com grau de execução negativo. A segunda parte do programa correu muito melhor do que a primeira. Aí eles apresentaram três figuras de elevação de nível 4 e o triplo flip lançado. O peão com entrada saltada foi de nível 4 e o peão de combinação foi de nível 3. As suas médias nos componentes do programa foram de 7.96 na perícia, 7.64 nas transições/passos de ligação, 7.86 na performance/execução, 8.00 na coreografia/composição e 8.00 na interpretação. Foram-lhes aplicados duas de deduções automáticas devido às quedas. 
Os chineses Wang & Wang não conseguiram permanecer no top 3 por causa da sua prestação no programa livre. Os principais problemas ocorreram nos saltos. Nos saltos lado-a-lado eles ficaram com um registo de combinação de duplo toe loop-duplo toe loop (com grau de execução negativo) e duplo salchow. Só em valor base ficaram logo com uma tremenda desvantagem devido à falta de triplos. Quanto a saltos lançados, quer o triplo flip como o loop ficaram manchados pelo insucesso da patinadora na recepção dos mesmos, com duas quedas aparatosas. Ambos os saltos lançados foram penalizados com grau de execução negativo, para além da aplicação automática de dois pontos de dedução (um por cada queda). As figuras de elevação foram todas de nível 4, o triplo twist e o último peão foram de nível 3 e o primeiro peão foi de nível 2. Nos componentes eles ficaram com 7.25 na perícia, 6.82 nas transições/passos de ligação, 6.96 na performance/execução, 7.07 coreografia/composição e 6.82 na interpretação.
Astakhova & Rogonov fizeram um programa livre com erros na combinação de triplo toe loop-toe loop simples-duplo toe loop, no duplo salchow lado-a-lado e no peão com entrada saltada. Todos esses elementos foram punidos com grau de execução negativo. O erro mais grave ocorreu na que era suposto ser a primeira figura de elevação que acabou por não contar. Houve uma descoordenação de forças na altura em que a patinadora ia mudar-se para a segunda posição na elevação. Felizmente ele conseguiu evitar uma queda. 
Este programa tem muito potencial e espero que da próxima vez esta par tenha melhor desempenho para poder fazer justiça à boa ideia coreográfica que lhe dá suporte. Desta vez eles terminaram apenas com médias de 6.71 na perícia, 6.46 nas transições/passos de ligação, 6.64 na performance/execução, 6.82 na coreografia/composição e 6.64 na interpretação.


RESULTADO FINAL DA CATEGORIA DE PARES


VIDEOS

Sui & Han
Curto
Livre


Scimeca & Knierim
Curto
Livre

Seguin & Bilodeau
Curto
Livre


Stolbova & Klimov 
Curto 
Livre


Wang & Wang
Curto
Livre


Kayne & O'Shea
Curto
Livre


Astakhova & Rogonov
Curto
Livre


Pfund & Santillan 
Livre


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

GP Skate America 2015 - Dança

Entre os dias 22 e 25 de Outubro de 2015 decorreu em Milwaukee (Estados Unidos) o primeiro grande prémio sénior desta temporada. A disciplina de dança correu bem e o par da casa Chock & Bates confirmou o favoritismo que trazia antes da prova se iniciar.
Na dança curta, Chock & Bates foram brindados com uma excelente nota dos componentes, com vários juízes a atribuir-lhes notas superiores a 9.00 na sua escala individual. As suas médias finais nos segmentos foram impressionantes: 9.13 na perícia, 8.92 nas passos de ligação/movimento, 9.25 na performance, 9.21 na coreografia e 9.21 na interpretação/timing. Tecnicamente eles beneficiaram da aplicação de grau de execução positivo em todos os elementos, subindo a nota base de 26.40 para 33.98. Os twizzles e a figura de elevação alcançaram o nível 4. A sequência de passos e a segunda sequência obrigatória de valsa Ravensburger foram de nível 3. A primeira sequência obrigatória de valsa foi de nível 2. 
Na dança livre, este par voltou a conquistar graus de execução positivos em todos os elementos técnicos e melhorou a sua nota técnica de partida de 39.00 para 48.80. As médias nos segmentos dos componentes foram um pouco mais baixas do que na dança curta mas mesmo assim foram excelentes. Eles obtiveram 8.92 na perícia, 8.79 nos passos de ligação/movimento, 9.04 na performance/execução, 9.00 na coreografia e 9.13 na interpretação/timing. Os vice-campeões mundiais estão bem encaminhados para terem uma boa época.
Os russos Victoria Sinitsina & Nikita Katsalapov foram a boa surpresa desta competição. A sua primeira temporada juntos em 2014/2015 não foi a mais feliz e eles tiveram de lidar com a frustração de ver os seus antigos parceiros Elena Ilinykh & Ruslan Zhiganshin tornarem-se o par número 1 da selecção nacional da Rússia. Desta vez eles apareceram fisicamente mais bem preparados e com programas mais bem desenvolvidos. Victoria e Nikita conseguiram graus de execução positivos em todos os elementos técnicos da dança curta e partiram com uma nota técnica de base exactamente igual à de Chock & Bates: 26.40. A nota técnica final dos russos na dança curta foi de 31.65 pts. Os elementos foram efectuados por esta ordem: primeira sequência de valsa Ravensburger de nível 2, segunda sequência obrigatória de valsa de nível 3, twizzles de nível 4, sequência de passos de nível 3 e figura de elevação de nível 4. Nos segmentos dos componentes da dança, as suas médias foram de 8.17 na perícia, 7.83 nos passos de ligação/movimento, 8.17 na performance, 8.04 na coreografia e 7.92 na interpretação/timing. Foi-lhes aplicado um ponto de dedução automático devido à figura de elevação ter ultrapassado o tempo legalmente permitido. Na dança livre, este par voltou a ter problemas a este respeito e duas das figuras de elevação também ultrapassaram o limite de tempo autorizado, sendo que lhes foram aplicados dois pontos de dedução. Mesmo assim, Sinitsina & Katsalapov alcançaram a nota técnica mais alta de toda a dança livre com 50.28 pts. As duas sequências de passos foram de nível 3 e os restantes elementos foram de nível 4. Nos componentes, este par ficou com 8.63 na perícia, 8.29 nos passos de ligação/movimento, 8.54 na performance, 8.63 na coreografia e 8.54 na interpretação. Como curiosidade não posso deixar de salientar que houve um juiz que lhe aplicou apenas 6.75 no segmento de passos de ligação/movimento, em clara dissonância com os restantes juízes. No geral este par deixou uma impressão muito boa e vai ser interessante ver o que é que eles vão conseguir fazer na Taça Rostelecom na Rússia onde estarão em confronto directo com Elena Ilinykh & Ruslan Zhiganshin. Ao vencerem a medalha de prata no Troféu Skate America, este par fica com boas perspectivas de tentar o apuramento para a grande final. Pelo menos estão na luta.
A medalha de bronze ficou com os canadianos Piper Gilles & Paul Poirier que inicialmente eram apontados como favoritos para o segundo lugar. Este par deu nas vistas pelos seus programas diferentes em termos de interpretação e coreografia e continua no seu caminho de desenvolver um estilo próprio. No que respeita à qualidade base de patinagem Paul continua a ser o elo mais forte desta parceria mas nota-se que Piper tem feito um esforço enorme para melhorar. Na dança curta tanto os twizzles como a figura de elevação alcançaram o nível 4. A sequência de passos foi de nível 3 mas as duas sequências obrigatórias da valsa Ravensburger foram meramente de nível 2. As suas médias dos componentes da dança curta foram de 7.96 na perícia, 7.63 nos passos de ligação/movimento, 7.92 na performance, 7.88 na coreografia e 7.88 na interpretação/timing. Neste último segmento houve um juiz que apenas lhes atribuiu 6.25! Na parte da dança curta eles deram nas vistas pela originalidade mas não convenceram todos os juízes. Houve um deles que só lhes marcou 5.50 no segmento de interpretação... Mesmo com essa circunstância, as suas médias nos segmentos dos componentes foram um pouco superiores às da dança curta: 8.17 na perícia, 8.00 nos passos de ligação/movimento, 8.13 na performance, 8.13 na coreografia e 8.00 na interpretação/timing. Na parte técnica, as três figuras de elevação, os twizzles e o peão foram classificados com o nível 4 mas a primeira sequência de passos foi apenas de nível 2. A sequência de passos na diagonal foi de nível 3. Se olharmos só para a parte técnica, este par não ficou muito longe dos números que Chock & Bates conseguiram na dança livre. A nota técnica de partida de Gilles & Poirier foi de 39.00 tal como a de Chock & Bates. O total de nota técnica de Gilles & Poirier foi de 47.73pts enquanto que o de Chock & Bates foi de 48.80pts. Ou seja, a nota dos componentes foi determinantes para a grande vantagem de Chock & Bates. 
Kaitlyn Hawayek e Jean-Luc Baker seguraram o quarto lugar com uma prestação com mais qualidade do que a que tiveram no Troféu Finlândia 2015. 
Quanto aos campeões do mundo de júniores 2015 Anna Yanovskaya & Sergey Mozgov, eles tiveram uma estreia discreta no escalão sénior com uma prestação longe do que já os vimos fazer no passado. A dança curta correu-lhes mal principalmente nas duas sequências obrigatórias de valsa Ravensburger e ainda por cima sofreram um ponto de dedução automático devido a queda. As suas médias nos componentes foram baixas quando comparadas com o seu nível habitual. Na dança livre eles estiveram melhor mas não foi suficiente para subir na classificação geral final.
Em jeito de conclusão, parece-me que neste evento quem mais se destacou foram os pares Sinitsina & Katsalapov e Gilles & Poirier. Sinitsina & Katsalapov foram uma boa surpresa pela sua evolução técnica e Gilles & Poirier deram nas vistas pela criatividade e originalidade dos seus programas. 


RESULTADO FINAL DA CATEGORIA DE DANÇA

VIDEOS

Chock & Bates
Curto
Livre

Sinitsina & Katsalapov
Curto
Livre

Gilles & Poirier
Curto
Livre

Hawayek & Baker
Curto
Livre

Cannuscio & McManus
Curto
Livre

Yanovskaya & Mozgov
Curto
Livre

Nazarova & Nikitin
Curto
Livre

Wang & Liu
Curto
Livre





domingo, 25 de outubro de 2015

GP Skate America 2015 - Senhoras

O primeiro grande prémio sénior da temporada 2015/2016 foi, como já vem sendo hábito, o Troféu Skate America. A competição decorreu entre os dias 22 e 25 de Outubro de 2015, em Milwaukee, nos Estados Unidos. 
A categoria de senhoras foi a que mais expectativa gerou a nível internacional muito por culpa da presença da jovem russa Julia Lipnitskaya. Ela passou por algumas dificuldades na temporada passada que a levaram a ficar de fora da selecção nacional da Rússia para as competições mais importantes. Esta época ela está a tentar regressar ao seu melhor. Para já, o que deu para perceber da sua prestação é de que ainda há um longo caminho a percorrer para que Lipnitskaya atinja os níveis de performance a que nos habitou noutros tempos. No programa curto ela optou por uma combinação conservadora de triplo toe loop-triplo toe loop (9,50pts), abdicando de ter um lutz como primeiro salto como costumava fazer. O seu salto isolado foi um triplo flip (2.70pts) a que faltou um pouco para que a terceira volta fosse efectivamente completa. A sua técnica na definição de entrada no flip também não foi das melhores e parece que ela regrediu nesse aspecto. No duplo axel ela obteve 3.80 pontos. Todos os saltos foram colocados na primeira metade do esquema. O peão com entrada saltada (3.63pts) e o peão layback (3.63pts) foram ambos de nível 4. O peão de combinação (3.57pts) e a sequência de passos (4.01pts) foram de nível 3. No que diz respeito à segunda nota, olhando para a escala individual dos juízes, verifica-se que houve um juiz que atribuiu uma nota de 6.50 nas transições/passos de ligação e uma nota de 6.75 na performance/execução. Parece-me que 6.50 é uma nota manifestamente baixa no segmento de transições/passos de ligação. Pessoalmente concordo com mais com os juízes que atribuíram 7.75 ou 8.00. Um exemplo de bela transição dentro do programa curto é o movimento antes da entrada no peão layback. As suas médias dos componentes no programa curto foram de 7.96 na perícia, 7.68 nas transições/passos de ligação/movimento, 7.86 na performance/execução, 7.93 na coreografia/composição e 7.82 na interpretação. Julia foi quinta classificada no programa curto com uma nota de 62.24 pontos. 
O programa livre de Lipnitskaya foi marcado por quatro elementos de salto que receberam uma punição de grau de execução negativo. O primeiro salto no programa foi o triplo flip onde novamente se verificou alguma oscilação na técnica de definição de entrada no salto, tendo faltado um pouco para que a terceira volta fosse efectivamente cumprida. O flip apenas lhe rendeu 2.40 pontos devido à aplicação de grau de execução negativo. O segundo elemento do programa livre era suposto ser um triplo lutz mas, devido a um problema na definição de entrada do salto, Lipnitskaya não conseguiu obter a tensão e altura suficientes para poder realizar três voltas no ar. Em resultado ela efectuou apenas um lutz simples que foi punido com grau de execução negativo. O lutz simples obteve meramente 0.51 pt. O segundo triplo flip do programa era suposto ter sido combinado com outro salto mas devido a oscilação na definição de entrada e a uma recepção um pouco forçada, Lipnitskaya nem arriscou o segundo salto. O elemento acabou punido com grau de execução negativo e rendeu-lhe apenas 2.91 pontos. O último elemento a ter sido punido com grau de execução negativo foi a combinação de duplo axel-duplo toe loop. A última volta no axel não efectivamente completa pelo que isso conta como imperfeição técnica. Nessa combinação, ela obteve 3.53 pontos. Os saltos que foram realizados com sucesso foram o triplo salchow (5.10pts), combinação de duplo axel-triplo toe loop (9.66pts) e um triplo toe loop isolado (4.73pts). A sequência de passos (3.80pts) e o peão de combinação (4.21pts) foram classificados de nível 3. Os outros dois peões alcançaram o nível 4 e totalizaram 7.83pts. Nos componentes Lipnitskaya conseguiu médias de 7.75 na perícia, 7.43 nas transições/passos de ligação, 7.57 na performance/execução, 7.68 na coreografia/composição e 7.64 na interpretação. A nota do programa livre de Lipnitskaya foi de 108.39pts e ela foi apenas sétima nessa fase da competição. Esta patinadora não deixou de ser especial por causa de estar a passar uma fase mais complicada. Esperemos que ela tenha todo o apoio necessário para poder voltar ao seu melhor. Em termos artísticos mantenho a ideia de que o trabalho de Ilya Averbukh a beneficiava mais do que as coreografias compostas por Marina Zueva. 
Mas se os russos ficaram tristes com o resultado de Lipnitskaya, Evgenia Medvedeva deu-lhes motivos para sorrir de novo. A campeã do mundo de júniores 2014/2015 não demonstrou medo na sua estreia no circuito sénior do grande prémio e conquistou a medalha de ouro. No seu programa curto, que foi coreografado por Alexander Zhulin, obteve médias consistentes nos componentes do programa: 7.79 na perícia, 7.57 nas transições/passos de ligação, 7.93 na performance/execução, 7.82 na coreografia/composição e 7.96 na interpretação. Olhando para a escala individual dos juízes, Medvedeva conquistou três notas de 9.00 (um na performance/execução, outro na coreografia/composição e também na interpretação). Todos os elementos lograram a classificação de nível 4 e os saltos foram todos executados na segunda metade do esquema. O seu plano de saltos foi o seguinte: combinação de triplo lutz-triplo toe loop, duplo axel e triplo loop. No programa livre, Medvedeva sofreu um percalço ao cair na recepção do duplo axel isolado. Esse foi o único elemento do seu esquema livre que foi punido com grau de execução negativo. Foi-lhe também aplicado um ponto automático de dedução pela queda. No duplo axel isolado ela ficou com 2.13 pontos. Nos outros saltos ela conseguiu sempre obter grau de execução positivo. Na primeira parte do programa livre Medvedeva apresentou uma combinação de triplo flip-triplo toe loop (11.10pts) e um triplo lutz (6.80pts). Na segunda metade, para além do tal duplo axel isolado, Medvedeva realizou um triplo flip (6.83pts), um triplo loop (6.21pts), uma combinação de triplo salchow-triplo toe loop-duplo toe loop (11.80pts) e uma combinação de duplo axel-duplo toe loop (5.56pts). A sequência de passos (3.87pts) e o peão de combinação (3.71pts) foram classificados de nível 3 enquanto que o primeiro peão (4.36pts) e o peão layback (3.56pts) foram de nível 4. Nos componentes as suas médias foram de 8.36 na perícia, 8.11 nas transições/passos de ligação, 8.43 na performance/execução, 8.50 na coreografia/composição e 8.57 na interpretação. O programa livre de Medvedeva foi coreografado por Ilya Averbukh e Igor Strelkin. 
A americana Gracie Gold conquistou a medalha de prata e deu luta a Medvedeva no programa livre embora não tenha sido suficiente para virar o resultado final. Gracie tinha a responsabilidade de ser a cara mais reconhecida do público americano neste evento e sabia que as pessoas tinham a expectativa que ela vencesse em casa. Ela entrou determinada no programa curto executando uma combinação de triplo lutz-triplo toe loop logo de inicio. Só nesse elemento ela amealhou 11.60pts. Depois foi a vez do peão layback (3.70pts) e do peão com entrada saltada (3.91pts) ambos de nível 4. No entanto, logo depois, Gold cometeu um erro grave ao executar apenas um duplo flip isolado. Como no programa curto é obrigatório que o salto isolado seja um triplo, os juízes não lhe puderam atribuir qualquer ponto nesse salto. Gold não perdeu o controlo emocional, mesmo consciente de que esse erro lhe custaria caro, e avançou para um bom duplo axel (4.13pts). A sequência de passos alcançou o nível 4 e permitiu-lhe ganhar mais 5.30pts. O último elemento foi um peão de combinação (3.50pts) de nível 3. Nos componentes do programa, as médias das pontuações dos juízes foram de 8.25 na perícia, 8.04 nas transições/passos de ligação, 8.39 na performance/execução, 8.43 na coreografia/composição e 8.46 na interpretação. 
Gold brilhou no programa livre em que todos os elementos técnicos receberam grau de execução positivo, com a excepção do duplo salchow pois ficou meramente com o valor base de 1.43pts. A sequência de passos (5.20pts) e os peões (total de 11.83pts) alcançaram todos o nível 4. O seu plano de saltos foi executado por esta ordem: combinação de triplo litz-triplo toe loop (11.70pts), triplo loop (5.30pts), duplo axel (3.87pts), combinação de duplo axel-triplo toe loop-duplo toe loop (10.99pts), combinação de triplo flip-duplo toe loop (7.46pts), triplo lutz isolado (7.60pts) e duplo salchow (1.43pts). O duplo salchow era suposto ter sido um triplo. Esse foi o seu erro mais grave no programa. Em termos de médias nos segmentos dos componentes do programa Gold ficou com 8.43 na perícia, 8.36 nas transições/passos de ligação, 8.75 na performance/execução, 8.75 na coreografia/composição e 8.79 na interpretação. No que respeita à escala individual dos juízes, Gold recebeu duas notas de 9.25 no segmento de interpretação. 
A vice-campeã mundial 2015 Satoko Miyahara terminou na terceira posição da classificação geral. Os seus principais problemas nesta competição tiveram directamente a ver com a definição de entrada no salto flip. No programa curto, a posição da lâmina no patim de apoio na entrada no flip não foi suficientemente clara e no programa livre voltou a suceder a mesma coisa. Mas vamos destrinçar melhor a sua prestação. No programa curto, ela começou com uma combinação de triplo lutz-triplo toe loop que lhe rendeu 10.70pts. Seguiram-se o peão layback (3.70pts) e o peão com entrada saltada (3.77pts) que foram ambos de nível 4. Depois foi a vez da sequência de passos (3.80pts) de nível 3. Na segunda metade do esquema foi a vez do triplo flip (2.97pts) que acabou punido com grau de execução negativo. O programa terminou com o duplo axel (4.06pts) e o peão de combinação (4.14pts) de nível 4. Nos componentes do programa não existiram grandes discrepâncias entre os juízes e as médias de Miyahara foram de 8.00 na perícia, 7.75 nas transições/passos de ligação, 8.07 na performance/execução, 8.11 na coreografia/composição e 8.04 na interpretação. 
O programa livre de Miyahara foi iniciado com uma combinação de triplo lutz-duplo toe loop-duplo loop (9.50pts) e com um triplo loop (5.60pts). Seguiram-se uma sequência de passos de nível 2 (3.24pts) e um triplo flip (2.70pts) com problemas na definição de entrada e com a terceira volta incompleta tendo isso obrigado os juízes a aplicarem-lhe grau de execução negativo. O peão de combinação foi de nível 4 (4.00pts) e marcou a passagem para a segunda metade do esquema. Depois foi a vez de um triplo lutz (2.52pts) mas a terceira volta não foi realmente completa e Satoko caiu na recepção. Para além do grau de execução negativo, foi aplicado um ponto de dedução automática pela queda. O sétimo elemento técnico do programa foi uma boa combinação de duplo axel-triplo toe loop (8.96pts). O peão com entrada saltada foi de nível 3 e rendeu-lhe 3.09pts. Os restantes elementos foram um triplo salchow (5.14pts), uma combinação de duplo axel-triplo toe loop (8.66pts), a sequência coreográfica (2.80pts) e o peão layback de nível 4 (3.86pts). Nos componentes do programa livre, Satoko obteve 8.04 na perícia, 7.71 nas transições/passos de ligação, 7.96 na performance/execução, 8.11 na coreografia/composição e 8.11 na interpretação.
O Japão esteve representado por três atletas. Para além de Satoko também competiram Haruka Imai e Miyu Nakashio. No entanto, Imai e Nakashio tiveram prestações discretas e terminaram respectivamente no 10.º e 11.º lugares.
Destaque para Elizabet Tursynbaeva que conseguiu subir do sétimo para o quarto lugar na classificação gerel individual. Nicole Rajicova (Eslováquia) manifestou na rede social twitter a sua satisfação com este resultado e com a sua estreia no circuito sénior do grande prémio. Ela foi 12.ª classificada no programa curto mas no livre foi 5.ª, acabando na 7.ª posição final. 


RESULTADO FINAL NA CATEGORIA DE SENHORAS

VIDEOS

Medvedeva
Curto
Livre

Gold
Curto
Livre

Miyahara
Curto
Livre

Tursynbaeva
Curto
Livre

Chen
Curto
Livre

Lipnitskaya
Curto
Livre

Rajicova
Curto
Livre

Bell
Curto
Livre

Park
Curto
Livre

Imai
Curto
Livre

Nakashio
Curto
Livre

Chartrand
Curto
Livre