quarta-feira, 21 de abril de 2021

Vanessa James & Eric Radford são um novo par!!!!!

 

Olá a todos e bem-vindos ao blogue.

Estão sentados? Estão mentalmente preparados para não deixar cair o queixo? Então vamos a isto.

No início do mês de Abril surgiram rumores de que Vanessa James e Eric Radford estavam a treinar juntos com o objectivo de regressar à competição, em representação do Canadá. Tanto Vanessa como Eric têm boa reputação enquanto atletas na categoria de pares e alcançaram muita popularidade com parcerias anteriores. 


Fonte: Skate Canada


Quem são? 

Eric chegou ao topo da categoria de pares com Meagan Duhamel, tendo conquistado dois títulos mundiais consecutivos em 2015 e 2016, bem como uma medalha de bronze nos Jogos Olímpicos em 2018. Eric e Meagan também fizeram parte da selecção canadiana que venceu o ouro olímpico na competição por equipas. Isto para além de vários outros excelentes resultados internacionais.

Duhamel & Radford


Vanessa James tem um passado rico na patinagem. Começou por competir individualmente mas o grande sucesso só apareceu quando ela formou parceria com Morgan Ciprés. Vanessa e Morgan estrearam-se como par na temporada 2011/2012 e rapidamente se tornaram favoritos de uma parte significativa do público fiel da patinagem. Quase toda a gente gostava deles mesmo quando cometiam erros. Juntos conseguiram várias medalhas para a França, com destaque para o título europeu em 2019 e a medalha de bronze nos mundiais de 2018. 


James & Ciprés


O que aconteceu entretanto?

Eric e Meagan despediram-se da patinagem de competição após os Jogos Olímpicos de 2018 e demonstraram interesse em prosseguir uma carreira nos numerosos espectáculos que existem. Eric manifestou vontade de se tornar coreógrafo e/ou treinador. Meagan também mostrou vontade de se tornar treinadora. Eles patinaram em vários espectáculos como o Stars on Ice no Canadá. 

A parceria de Vanessa e Morgan foi por água abaixo devido a um escândalo sexual que ainda hoje tem repercussões sérias. Vanessa e Morgan treinavam nos Estados Unidos sob a orientação de John Zimmerman e Sílvia Fontana. A história caiu que nem uma bomba quando se soube que Morgan era suspeito de diversos comportamentos incorrectos com patinadoras menores de idade. Um desses casos foi revelado no jornal USA Today. Juntamente com um treinador adjunto da equipa de Zimmerman e Fontana, Morgan esteve envolvido num esquema de manipulação de uma patinadora de 13 anos e chegou a enviar-lhe fotos onde se via o seu pénis. A situação tornou-se conhecida no rinque e todos os responsáveis optaram por proteger Morgan e tentar abafar o caso. A jovem patinadora foi pressionada a ficar calada. A organização Safesport, que lida com casos de abuso nos Estados Unidos, iniciou um processo. Como resultado da investigação e com a quantidade de provas recolhidas, a Safesport determinou que eles eram culpados e aplicou sanções a John Zimmeram, Sílvia Fontada e ao treinador-adjunto Vinny Dispenza. Morgan Ciprés livrou-se de qualquer consequência pela Safesport porque é um atleta francês e esta organização só tem jurisdição para sancionar quem esteja registado na USFSA (federação dos Estados Unidos): Entretanto foi instaurado um inquérito pela federação francesa mas sem consequências pois os factos decorreram nos Estados Unidos. Acontece que há uma investigação criminal a decorrer na Flórida (Estados Unidos) e se Morgan regressar a esse país será imediatamente detido pelas autoridades. Ficou demonstrado que Vanessa sabia deste caso em concreto mas que continuou a trabalhar com Morgan e a apoiá-lo. Eles deixaram de competir porque podiam correr o risco de Morgan ser deportado para os Estados Unidos. Por isso é que ele regressou a França onde está a residir até agora. Eles ainda fizeram alguns espectáculos como o Art on Ice mas tiveram mesmo que parar. 


A confirmação

No dia 21 de Abril de 2021, a federação canadiana anunciou formalmente a parceria de Vanessa James com Eric Radford. Vanessa adquiriu a nacionalidade francesa aquando da parceria com Morgan mas é canadiana de origem por isso não existem obstáculos formais à sua eventual participação nos Jogos Olímpicos em representação do Canadá. 

O novo par está a ser treinado por Julie Marcotte e Ian Connolly em Montreal. As músicas para o programa curto e para o livre já estão escolhidas. Julie Marcotte está a coreografar um dos programas e o outro será criado por Sam Chouinard e Guillaume Cizeron. 

O seu principal objectivo é conseguir marcar presença nos Jogos Olímpicos de Inverno em 2022. 


O impacto

Os rumores sobre a parceria de Vanessa e Eric intensificaram-se após o World Team Trophy 2021 e Meagan Duhamel fez uma publicação no Instagram onde se revelou magoada por causa de traições mas não referiu nomes. O timing da publicação demonstrou que ela estaria certamente a referir-se à situação com Eric. Kirsten Moore-Towers, a parceira de Michael Marinaro e campeã nacional, colocou "gosto" num tweet que mostrava desagrado quanto à parceria de Vanessa e Eric. É que há muita coisa em jogo.

Fonte: Instagram de Meagan Duhamel


No que diz respeito a Meagan é natural que ela se sinta duplamente traída. Ela tinha um acordo com Eric para patinarem em espectáculos, nomeadamente a partir de Outubro deste ano na Stars on Ice. Segundo Meagan, Eric não lhe disse nada e formou parceria com Vanessa nas suas costas. Depois existe a situação familiar de Meagan pois ela é casada com o treinador Bruno Marcotte que é irmão de Julie. Meagan sente-se traída pela própria cunhada porque ela aceitou treinar Vanessa e Eric mesmo sabendo do acordo que Eric tinha com Meagan. Esta situação está a afectar Meagan a nível pessoal e profissional. Quando ela ficou grávida cumpriu todos os espectáculos com Eric para ele não ficar sem rendimento e agora estava à espera de continuar a trabalhar com ele na Stars on Ice. Além disso ela também abdicou que trabalhar permanentemente como treinadora porque depois teria de cumprir os compromissos com Eric nos espectáculos. Apesar de magoada, Meagan voltou às redes sociais após o anúncio oficial da parceria de Vanessa e Eric e desejou boa sorte ao seu ex-parceiro. 

Mas isto criou um mau ambiente na disciplina de pares no Canadá. Kirsten Moore-Towers & Michael Marinaro, par n.º 1 do Canadá, trabalham com Julie Marcotte desde a temporada 2015/2016 e ela tem coreografado praticamente todos os seus programas de competição. Visto que Kirsten e Michael são treinados por Bruno Marcotte (marido de Meagan) e por Alisson Purkiss, é difícil imaginar que este par queira ou possa trabalhar com Julie nos seus novos programas para a temporada olímpica. Ao assumir o compromisso de treinar Vanessa e Eric, Julie terá a sua própria equipa com Ian Connolly e não é expectável que vá ajudar atletas de outros grupos. 

Evelynn Walsh e Trennt Michaud são actualmente o par n.º 2 do Canadá e também vão ter de fazer contas à vida. É que Eric Radford coreografou os programas livre deste par nas últimas duas temporadas e era expectável que trabalhasse com eles na temporada olímpica que se avizinha. 

Como o Canadá só tem direito a duas vagas em pares nos próximos Jogos Olímpicos vai ser uma luta renhida.

Nas redes sociais este assunto está a ser debatido com intensidade. Muita gente tem apoiado Meagan enquanto outros têm criticado directamente a postura de Eric, pela forma como se comportou com a ex-parceira, e também há quem aponte o dedo a Vanessa por nunca se ter demarcado de Morgan e condenado as suas acções. 

Ashley Wagner, medalha de prata nos mundiais de 2016 na catogoria de Senhoras, utilizou o Instagram para felicitar Vanessa pela nova fase da sua carreira mas levou por tabela. É que muitos fãs não perderam a oportunidade de relembrar Ashley que ela própria divulgou que foi vítima de abuso sexual por parte do patinador John Coughlin e criticou quem ajudava a encobrir abusadores no mundo patinagem. Por isso mesmo estranharam ver Ashley a apoiar Vanessa, tendo em conta que esta não denunciou Morgan e teve um papel no encobrimento das suas acções. 

Enfim... uma confusão.

Em termos desportivos só me resta desejar que ganhe o melhor mas é praticamente impossível ficar indiferente às acções que os atletas praticam fora das pistas. Uma coisa é suspeitar de alguém ou correr um rumor, outra bem diferente é quando existem provas de comportamentos incorrectos, ainda por cima com menores, e há quem participe no encobrimento. Quer-me parecer que se houver público nas bancadas durante a próxima temporada, as tarjas do movimento #SkatingSurvivors vão ser mostradas cada vez que Eric e Vanessa entrarem em pista... 


Por agora é tudo mas em breve serão publicadas mais coisas no blogue. 


Até à próxima. 


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