sábado, 28 de setembro de 2013

Troféu Nebelhorn 2013 - Análise

O troféu Nebelhorn é uma competição de patinagem artística que se realiza anualmente em Oberstdorf (Alemanha). Esta prova é das mais marcantes do início de cada uma das temporadas. Este evento tem uma grande história que remonta a 1969. Esta temporada, o troféu Nebelhorn assumiu ainda mais relevância devido ao facto de ter sido escolhido pela ISU (União Internacional de Patinagem) como prova de repescagem para os próximo Jogos Olímpicos, que se vão realizar em Fevereiro de 2014 em Sochi (Rússia). Ou seja, os países que não conseguiram a qualificação directa para os Jogos Olímpicos, por causa dos resultados que fizeram nos campeonatos do Mundo 2013, estiveram a lutar para serem repescados e assegurarem uma das poucas vagas disponíveis em cada uma das disciplinas. Na disciplina de pares estavam em disputa 4 vagas, na disciplina de dança eram 5 as vagas em aberto e em individuais (quer femininos quer masculinos) eram 6 vagas para cada.

Aqui fica a lista de repescados para os Jogos Olímpicos por disciplina:

HOMENS
Austrália, Israel, Roménia, Filipinas, Ucrânia e Itália;

SENHORAS
Austrália, Geórgia, Noruega, Áustria, Republica Checa e Brasil;

DANÇA
China, Turquia, Austrália, Japão e Espanha;

PARES
Grã-Bretanha, Ucrânia, Estónia e Israel;

O Brasil e as Filipinas fizeram história pois conseguiram pela primeira vez obter uma representação olímpica em patinagem artística, nos Jogos Olímpicos de Inverno. Parabéns!

O japonês Nobunari Oda venceu o troféu Nebelhorn pela terceira vez (2008, 2012 e 2013) na categoria de individuais masculinos. Ele esteve muito seguro e demonstrou estar em boa forma e com confiança para desenvolver os seus programas ao longo da época. No programa livre, Oda efectou um quadruplo toe loop, um triplo axel e uma combinação de triplo lutz-triplo toe loop, com imensa qualidade. No programa livre, todos os seus elementos foram avaliados como tendo um grau de execução positivo, o que lhe permitiu acrescentar mais alguns pontos ao valor base de cada um dos elementos. Logo para iniciar o esquema, Oda realizou uma combinação de quadruplo toe loop com triplo toe loop. As suas notas ao nível dos componentes do programa foram muito boas.
Outros destaques na disciplina de homens foram Artur Dmitriev da Rússia devido ao seu regresso a grandes competições internacionais após uma longa paragem devido a lesão e Luiz Manella do Brasil pois foi quarto no programa livre. Foi pena Manella ter tido problemas no programa curto pois ao avaliar pela sua prestação no programa livre, ele poderia ter perfeitamente agarrado um lugar para os Jogos Olímpicos. Fica a indicação que no futuro Manella poderá ter bons resultados.
Quanto à prova de senhoras havia muita expectativa sobre como Miki Ando (Japão) iria regressar à competição. Após vencer o seu segundo título mundial em 2011, Ando esteve de fora da competição por algum tempo, tendo anunciado o regresso na temporada passada. Esse regresso acabou por não acontecer nessa altura porque ela entretanto ficou grávida. Mas não pensem que o facto de ter sido mãe fez com que Miki Ando perdesse a vontade de voltar. Desta vez o regresso concretizou-se mesmo. Só é pena que ela não possa participar no circuito do grande prémio visto ter baixado muitos lugares no ranking mundial devido a tanto tempo de ausência. Os programas que Miki Ando apresentou são muito promissores. Claro que ela ainda está longe do pico de forma mas conseguiu vencer a medalha de prata. O programa curto dela foi lindo mas não teve nenhum elemento classificado com o nível 4. Na combinação de triplo lutz-duplo loop, ela foi penalizada com grau de execução negativo. No programa livre, Ando esteve um pouco mais hesitante e isso reflectiu-se na execução dos elementos. No livre, os elementos que Ando fez foram todos classificados com graus de execução medianos.
A grande vencedora da categoria de senhoras foi a jovem russa Elena Radionova que é a actual campeã do mundo de juniores e que fez a sua estreia em seniores precisamente neste evento. Radionova apareceu neste troféu em grande forma e não se mostrou nada intimidada com a concorrência. Os seus dois programas foram muito bons do ponto de vista artístico, onde se notou o dedo de Ilya Averbukh nas coreografias. No programa curto, Radionova efectuou uma combinação de triplo lutz-triplo toe loop, um duplo axel e triplo loop. Todos os seus elementos alcançaram o nível 4 e graus de execução positivos. No programa livre, Radionova apenas teve um erro grave: uma queda na recepção do duplo axel, tendo sido penalizada com grau de execução negativo conjugado com um ponto de dedução obrigatório pela queda. De resto, Radionova demonstrou um enorme potencial para o futuro, realizando todos os outros elementos de forma segura.
Não posso deixar de manifestar alguma alegria ao ter visto Isadora Williams do Brasil assegurar a repescagem para os Jogos Olímpicos. Ela estava muito triste após o programa livre pois não lhe correu tão bem como o curto mas no fim tudo acabou em bem.
Na categoria de pares, os russos Tatiana Volosozhar e Maxim Trankov dominaram o evento e apresentaram-se numa forma extraordinária que me deixou ao mesmo tempo abismada e preocupada. Abismada porque não é muito usual os pares apresentarem-se em tão boa forma numa fase tão inicial da temporada. Preocupada pois os patinadores estão a trabalhar para atingir o seu pico de forma em Fevereiro e Março de 2014. Espero que eles consigam aguentar este ritmo sem problemas. O seu novo programa curto é fantástico. Todos os elementos alcançaram o nível 4 e foram classificados com grau de execução positivos. Basta dizer que eles partiam com uma nota técnica base de 34.20 e conseguiram um total de 44.59 graças à excelente execução. No programa livre, chamo a atenção para o facto de todos os elementos terem obtido o nível 4, com excepção da espiral da morte que foi de nível 2. As figuras de elevação foram impecáveis. No entanto, mesmo o programa sendo obviamente muito bom, não posso deixar de referir que no triplo salchow lançado, a maior parte dos juízes "optou" por ignorar o facto da patinadora ter feito a recepção do salto nos dois pés. Mesmo com esse problema, quatro juízes atribuíram-lhe +3 ao nível do grau de execução nesse elemento......... Esta foi a terceira vez consecutiva que este par venceu o troféu Nebelhorn.
Na dança, Madison Hubbell e Zachary Donohue (EUA) venceram esta competição pela segunda vez (2011, 2013). Os russos Ksenia Monko & Kiril Khaliavin podiam perfeitamente ter vencido esta competição não fosse o caso de terem cometido alguns erros incaracterísticos na dança curta. Alexandra Paul e Paul Islam (Canadá) ficaram com a medalha de bronze. Um aspecto que achei preocupante na dança curta foi que nenhum par conseguiu o nível 4 em qualquer das sequências obrigatórias de Finnstep. Os passos obrigatórios do Finnstep são muito difíceis mas confesso que esperava mais nesta prova.
Tenho também de referir que o par espanhol Hurtado & Diaz foi penalizado em 3 pontos na sua nota da dança livre e isso quase lhes custou a qualificação para os Jogos Olímpicos. Eles foram penalizados em -1 ponto devido a uma figura de elevação que ultrapassou o tempo permitido para manter a posição. Para além disso foram penalizados perdendo outros 2 pontos devido a elementos/movimentos que foram considerados ilegais. Com certeza que a próxima vez que virmos a dança livre deste par vamos verificar que foram feitas alterações pois será perigosos insistirem nesses elementos/movimentos ilegais.
 
Volosozhar & Trankov
(Foto encontrada através do Google)



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