Olá a todos e bem-vindos novamente.
A época 2018/2019 já mexe!
Durante o mês de Julho e até 13 de Agosto realizaram-se algumas competições e, em breve, vou iniciar a cobertura das provas que fazem parte do circuito do grande prémio júnior.
Durante o mês de Julho e até 13 de Agosto realizaram-se algumas competições e, em breve, vou iniciar a cobertura das provas que fazem parte do circuito do grande prémio júnior.
Mas antes disso acho que é importante divulgar algumas dicas para ajudar a compreender o sistema de pontuação. É que o Código de Pontos sofreu alterações significativas essencialmente graças ao Congresso da ISU que se realizou em Sevilha no mês de Junho. Por isso vou tentar publicar algumas coisas aqui no blogue sobre os aspectos que me parecem mais relevantes ou que normalmente geram mais questões.
Para quem ainda não sabe, o blogue Magia Gelada também está presente no Twitter e no Facebook. Se tiverem alguma pergunta podem contactar-me por lá.
Mas vamos ao que interessa.
Nesta primeira parte das dicas para entender os resultados vou começar por falar nos elementos de saltos.
A ISU (International Skating Union) decidiu fazer diversas modificações à cotação dos saltos. Um dos destaques destas alterações é que os quádruplos foram desvalorizados em comparação com as temporadas anteriores. Não posso deixar de manifestar o meu desagrado com esta decisão. A patinagem artística é um desporto de calibre olímpico e a dificuldade técnica tem de ser recompensada. Depois dos Jogos Olímpicos de Vancouver em 2010 houve uma evolução positiva na valorização dos elementos mais complicados e agora deu-se um passo atrás.
Os valores base em vigor na temporada 2018/2019 são os seguintes:
Toe Loop
Simples (uma rotação) = 0.40pts
Duplo = 1.30pts
Triplo = 4.20pts
Quádruplo = 9.50pts
Na temporada anterior um quádruplo toe loop tinha como valor base 10.30pts.
Salchow
Simples = 0.40pts
Duplo = 1.30pts
Triplo = 4.30pts
Quádruplo = 9.70pts
Na temporada anterior um quádruplo salchow tinha como valor base 10.50pts.
Loop
Simples = 0.50pts
Duplo = 1.70pts
Triplo = 4.90pts
Quádruplo = 10.50pts
Na temporada anterior um quádruplo loop tinha como valor base 12.00pts.
Flip
Simple = 0.50pts
Duplo = 1.80pts
Triplo = 5.30pts
Quádruplo = 11.00pts
Na temporada anterior um quádruplo flip tinha como valor base 12.30pts.
Lutz
Simples = 0.60pts
Duplo = 2.10pts
Triplo = 5.90pts
Quádruplo = 11.50pts
Na temporada anterior um quádruplo lutz tinha como valor base 13.60pts.
Axel
Simples = 1.10pts
Duplo = 3.30pts
Triplo = 8.00pts
Quádruplo = 12.50pts
Na temporada anterior um quádruplo axel tinha como valor base 15.00pts.
É de salientar que esta escala de valores também é válida na categoria de pares para os saltos lado-a-lado.
É de salientar que esta escala de valores também é válida na categoria de pares para os saltos lado-a-lado.
Outras das novidades para a temporada 2018/2019 é que a ISU decidiu criar o elemento "Euler". Na prática, um Euler é o equivalente a um meio loop que era realizado por vários atletas durante as combinações de saltos. Como o Euler é meramente utilizado para ligar outros saltos, a forma correcta de executá-lo é com a realização de uma rotação. O valor base dessa rotação é de 0.50pts.
Como é apanágio desde a introdução do Código de Pontos, o valor base de cada elemento pode sofrer variações consoante o grau de execução aplicado.
Até 1 de Julho de 2018 existiam 7 graus de execução: 0, +1, +2, +3. -1, -2 e -3.
Uma das grandes alterações introduzidas para esta temporada é a expansão dos graus de execução. Os juízes agora têm de aplicar graus de execução com 11 variações: 0, +1, +2, +3, +4, +5, -1, -2, -3, -4 e -5.
A cada grau de execução corresponde uma lista de especificidades. Os juízes têm de aplicar o grau de execução consoante essas especificidades sejam verificadas. Quanto às especificidades também se pode utilizar o termo critérios.
Quando é aplicado o grau 0, isso significa que o elemento ficará com o valor base que lhe é atribuído no Código de Pontos. Exemplo: um duplo axel tem o valor base de 3.30pts; se lhe for aplicado o grau 0, então esse será o valor final desse salto.
Quando é aplicado o grau 1, isso significa que será acrescentado 10% ao valor base. Ao grau 2 corresponde um acréscimo de 20%, ao grau 3 corresponde 30%, ao grau 4 corresponde 40% e ao grau 5 corresponde 50%. Exemplo: um patinador executa um triplo flip cujo valor base é de 5.30pts. Se todos os juízes aplicarem o grau +5, o elemento vai somar os 5.30 do valor base com 2.65pts de grau de execução, para um total de 7.95pts.
A mesma lógica é aplicada para os graus de execução negativos. O grau -1 implica a retirada de 10% do valor base, com o grau -2 retiram-se 20%, com o grau -3 retiram-se 30%, com o grau -4 retiram-se 40% e com o grau -5 retiram-se 50%. Exemplo: um patinador executa um triplo lutz mas, devido a vários erros na execução, todos os juízes aplicam o grau -5. Por causa disso vão ser subtraídos 2.95pts ao valor base de 5.90pts e o triplo lutz ficará com 2.95pts.
O que continua igual é a forma como é exercida a aplicação do grau de execução. Cada juiz administra a escala individualmente. Ou seja, para o mesmo elemento, o juiz n.º 1 do painel pode aplicar o grau +1 e o juiz n.º 2 pode aplicar o grau +3. Portanto, o que será somado, subtraído ou mantido face ao valor base dependerá da média dos graus de execução de todos os juízes do painel para o elemento em causa.
A nova escala dos graus de execução ainda está a gerar alguma confusão mas é preciso esperar um pouco para que toda a gente se habitue (incluindo os próprios juízes).
No que diz respeito aos saltos ainda há mais coisas que influenciam a pontuação.
O valor base de um salto é imediatamente corrigido se faltar 1/4 de volta na última rotação. Esta lógica é aplicada desde os saltos simples até aos saltos quádruplos. Até o Euler, que apenas está previsto com uma volta, é sujeito a correcção do valor base quando falte 1/4 de volta durante a execução.
Exemplo: o patinador executa um triplo loop mas falta 1/4 de volta para que a terceira rotação seja efectivamente cumprida. Um triplo loop tem o valor base de 4.90pts. Uma vez que falta 1/4 de volta, o valor base é imediatamente reduzido para 3.68pts.
Depois da correcção no valor base é que é aplicado o grau de execução.
No caso dos saltos flip e lutz ainda há outra coisa que influencia a determinação do valor base. Trata-se da definição de entrada no salto na aresta incorrecta.
Valores base no salto Lutz com aresta incorrecta:
Simples = 0.45pts
Duplo = 1.58pts
Triplo = 4.43pts
Quádruplo = 8.63pts
Valores base no salto Flip com aresta incorrecta:
Simples = 0.38pts
Duplo = 1.35pts
Triplo = 3.98pts
Quádruplo = 8.25pts
Mas ainda há mais! No caso dos saltos lutz e flip, o valor base também é afectado pela conjugação de dois erros: a incorrecção na definição da aresta na entrada no salto e faltar um 1/4 de volta para a rotação poder ser considerada completa. Quando se verifiquem estes dois factores simultaneamente, a tabela de valores base é a seguinte:
Valores base no Lutz com aresta incorrecta e com menos 1/4 de volta:
Simples = 0.36pts
Duplo = 1.26pts
Triplo = 3.54pts
Quádruplo = 6.90pts
Valores base no Flip com aresta incorrecta e com menos 1/4 de volta:
Simples = 0.30pts
Duplo = 1.08pts
Triplo = 3.18pts
Quádruplo = 6.60pts
Quanto à verificação dos valores base e aplicação do grau de execução, convém esclarecer que existem dois painéis diferentes. O painel de juízes aplica o grau de execução. O valor base é apontado pelo Controlador Técnico com o auxílio de um técnico especialista e um técnico especialista assistente. O Controlador Técnico tem bastante poder no apuramento das notas. Alguns controladores técnicos, como o japonês Shin Amano, são bastante rigorosos a verificar a definição de entrada nos saltos e a ver se a última rotação é efectivamente completa. Como já deu para perceber nesta publicação, isso pode afectar o valor base significativamente.
O grau de execução a aplicar é paralelamente muito importante mas esse poder está dividido por vários juízes.
Quem costuma acompanhar a modalidade sabe que há diversos anos que há pontuação bónus para os saltos realizados na segunda metade dos programas (curto e livre). No Congresso da ISU realizado em Junho de 2018 foram decididas algumas alterações a este respeito. Na temporada 2018/2019, as regras em vigor ditam que no programa curto apenas um salto poderá beneficiar de bónus na pontuação base. No programa livre apenas três saltos poderão ter pontuação base bonificada.
Espero que tenham achado esta publicação interessante. Em breve vou publicar mais dicas aqui no blogue. Fiquem atentos!
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