sábado, 29 de outubro de 2016

GP Skate America 2016 - Dança

Skate America 2016



Em Chicago (Estados Unidos)

Entre os dias 21 e 23 de Outubro













Análise




A categoria de dança esteve recheada de motivos de interesse. Em primeiro lugar, os irmãos Maia e Alex Shibutani foram desde logo apontados como os principais favoritos à vitória, principalmente depois do excelente resultado que obtiveram nos mundiais 2016. Aqui também se arrisca no jogo da reputação internacional e os irmãos Shibutani estão a consolidar-se como a equipa n.º 1 nos Estados Unidos, ultrapassando Chock & Bates. Havia ainda muita curiosidade em perceber a dinâmica dos pares russos presentes nesta competição. Elena Ilinykh e Ruslan Zhiganshin estão a trilhar um novo caminho depois da mudança de equipa de treinadores após a temporada passada. Ekaterina Bobrova e Dmitri Soloviev estão de regresso à competição internacional depois de terem passado uma fase turbulenta devido a lesões e a um período de suspensão aplicado à patinadora que se veio a revelar injustificado. No meio de isto tudo ainda tivemos a estreia de Elliana Pogrebinsky e Alex Benoit no circuito sénior do grande prémio e a curiosidade sobre a evolução dos italianos Guignard & Fabbri, dos israelitas Tobias & Tkachenko e dos estado-unidenses Hubbell & Donohue.


Em termos de dança curta ocorreu uma situação curiosa: nenhum par conseguiu realizar uma sequência de passos em que os patinadores não se tocam que chegasse para cumprir os critérios exigidos para o nível 4, que é o nível máximo. O par italiano Guignard & Fabbri foi o que apresentou a sequência de passos em que os patinadores não se tocam com o grau de dificuldade mais elevado e que chegou para o nível 3. Todos os outros pares se ficaram pelo nível 2, incluindo os pares com mais prestígio e experiência internacional. Alguns pares tentaram antes apostar na qualidade de execução em vez da maior dificuldade dos passos. No entanto, não deixa de ser uma surpresa.


Maia e Alex Shibutani não deixaram os seus créditos por mãos alheias e venceram a medalha de ouro destacadamente. A sua vitória começou a ser cimentada com uma excelente nota de 73.04pts na dança curta. Todos os elementos técnicos beneficiaram excelentes graus de execução positivos, com uma maioria de +3. Os twizzles (8.31pts) e os passos obrigatórios (6.20pts) alcançaram o nível 4. A figura de elevação foi de nível 3 e recebeu 5.63pts. A sequência de passos em que os patinadores não se tocam (8.27pts) e a sequência parcial de passos (7.80pts) foram apenas de nível 2. As suas notas nos segmentos foram excelentes e as suas médias fixaram-se em 9.14 na perícia, 9.00 nas transições, 9.36 na performance, 9.18 na composição e 9.36 na interpretação da música/timing. Quase todos os juízes lhe atribuíram notas acima de 9.00 em todos os segmentos. A coreografia da dança curta resultou muito bem e é das melhores que eu já vi nesta temporada. A combinação de gestos e movimentos de vários estilos de dança que à partida são muito diferentes resultou harmoniosa e isso deixou uma excelente impressão.


Na dança livre, os irmãos Shibutani obtiveram uma excelente nota de 112.71pts. Se na dança curta a coreografia deu nas vistas, na livre achei que eles se limitaram a juntar coisas que já fizeram em temporadas anteriores. Gostei muito mais da coreografia e da música da temporada passada. Talvez não fosse má ideia deixar este par trabalhar novamente com o coreógrafo Peter Tchernyshev. Dito isto a prestação deles não deixou de ser boa à mesma. Os twizzles foram o grande elemento de destaque. Tecnicamente, eles foram buscar muitos pontos graças aos graus de execução positivos acumulados em todos os elementos. A sua nota técnica de partida foi de 41.30pts e foi melhorada para 56.95pts! Eles conseguiram +2 e +3 em todos os elementos e por parte de todos os juízes. As duas sequências de passos foram classificadas com o nível 3 e totalizaram 18.60pts. O peão (7.31pts) e os twizzles (8.40pts) foram ambos de nível 4. As figuras de elevação também conseguiram todas o nível 4 e conseguiram um total de 18.04pts. Os elementos coreográficos foram deixados para o fim e os eleitos foram uma elevação (2.10pts) e um twizzle (2.50pts). As suas médias nos segmentos que fazem parte da segunda nota foram de 9.29 na perícia, 9.11 nas transições, 9.43 na performance, 9.32 na composição e 9.32 na interpretação da música/timing.


Madison Hubbell & Zachary Donohue levaram a medalha de prata para casa por uma unha negra. Sinceramente pareceu-me que eles beneficiaram de estar a patinar em casa pois alguns juízes inflacionaram-lhe as notas em alguns segmentos dos componentes.


Hubbell & Donohue obtiveram uma pontuação de 68.78pts na dança curta, onde foram terceiros classificados. A sequência de passos obrigatórios (6.11pts), os twizzles (7.71pts) e a figura de elevação (5.70pts) alcançaram o nível 4. A sequência parcial de passos foi de nível 3 e recebeu 8.51pts. A sequência de passos em que os patinadores não se tocam ficou com o nível 2 e pontuou 7.49pts. As suas médias nos segmentos dos componentes foram fixadas em 8.29 na perícia, 8.11 nas transições, 8.39 na performance, 8.36 na composição e 8.43 na interpretação da música/timing. Não concordo de todo com o juiz que lhes atribuiu 9.00 no segmento de perícia e muito menos com o 9.25 na interpretação da música/timing. Aliás, a amálgama de músicas usadas na dança curta prejudicou a percepção do timing. Acho que o juiz que lhes atribuiu 7.75 na interpretação da música/timing esteve mais certeiro.


Na dança livre, Hubbell & Donohue conseguiram uma nota de 106.99pts. Todos os elementos técnicos obtiveram grau de execução positivo. As duas sequências de passos foram classificadas com o nível 3 e receberam um total de 18.29pts. As figuras de elevação (total de 17.35pts), os twizzles (7.97pts) e o peão (6.89pts) preencheram os critérios exigidos para o nível 4. O twizzle coreográfico (1.90pts) e a figura de elevação coreográfica (2.10pts) foram os dois últimos elementos do esquema. Nos segmentos dos componentes as suas médias foram de 8.64 na perícia, 8.50 nas transições, 8.89 na performance, 8.82 na composição e 8.89 na interpretação da música/timing. Cinco juízes marcaram notas na casa dos oito pontos enquanto quatro juízes atribuíram-lhe notas de 9.00 ou mais em cada segmento. Lamento mas do que conheço do código de pontos não me parece que o demonstrado por Hubbell & Donohue neste programa merecesse uma nota de 9.25 na perícia.


Ekaterina Bobrova & Dmitry Soloviev ficaram com a medalha de bronze com menos um ponto do que Hubbell & Donohue. Acho que eles podem ficar contentes com este resultado e já é um bom incentivo para competições futuras depois do tempo de paragem forçada que os afectou.


A dança curta de Bobrova & Soloviev ficou com uma nota de 68.92pts. Os twizzles (7.97pts) e a figura de elevação (5.70pts) foram os únicos elementos que alcançaram o nível 4. A sequência de passos obrigatórios (5.00pts), a sequência parcial de passos (7.01pts) e a sequência de passos em que os patinadores não se tocam (7.64pts) ficaram-se pelo nível 2. Todos os elementos técnicos beneficiaram de grau de execução positivo. No que toca à segunda nota, as suas médias nos segmentos foram de 8.86 na perícia, 8.64 nas transições, 9.00 na performance, 9.00 na composição e 9.00 na interpretação da música/timing.


Na dança livre, Bobrova & Soloviev obtiveram uma pontuação de 105.85pts. O elemento determinante neste programa e que influenciou o resultado final foi a figura de elevação em curva pois ultrapassou o tempo limite permitido pelas regras e por isso teve de ser aplicada uma dedução automática de um ponto. Essa figura de elevação recebeu grau de execução positivo mas na minha opinião o elemento devido ter sido marcado com 0 ou -1. Apenas um juiz marcou -1. A maioria dos juízes marcou o elemento com +2 no grau de execução. As três figuras de elevação cumpriram os critérios exigidos para o nível 4 e receberam um total de 17.78pts. Os twizzles (7.80pts) e o peão (6.71pts) também foram de nível 4. A sequência de passos em círculo (9.14pts) foi de nível 3 mas a sequência de passos na diagonal (7.49pts) foi de nível 2. Os elementos coreográficos foram um peão (2.00pts) e uma figura de elevação (2.10pts) e foram realizados mesmo no final do esquema. Nos segmentos dos componentes obtiveram médias de 9.04 na perícia, 8.71 nas transições, 9.04 na performance, 8.96 na composição e 9.11 na interpretação da música/timing.


Os italianos Charlene Guignard & Marco Fabbri conseguiram um bom resultado e têm-se mostrado mais confiantes e mais consistentes nas suas prestações internacionais. Tem sido um caminho percorrido com paciência mas tem dado bons frutos.


Na dança curta, Guignard & Fabbri foram quintos classificados com uma nota de 64.79pts. Como eu já referi no início da análise, este foi o único par que conseguiu realizar uma sequência de passos em que os patinadores não se tocam (5.00pts) que chegou ao nível 3. No entanto a sua sequência parcial de passos (4.87pts) foi meramente de nível 1, o que lhes prejudicou o valor base do elemento. Os passos obrigatórios chegaram para o nível 3 e receberam 5.00pts. Os twizzles (7.80pts) e a figura de elevação (5.44pts) alcançaram o nível 4. Nos segmentos dos componentes as notas que lhe foram atribuídas permitiram-lhes ficar com médias de 8.07 na perícia, 7.93 nas transições, 8.25 na performance, 8.18 na composição e 8.25 na interpretação da música/timing.


Guignard & Fabbri surpreenderam na dança livre ao ficarem à frente dos russos Ilinykh & Zhiganshin. A nota dos italianos nesta fase da prova foi de 100.65pts. Os elementos técnicos beneficiaram todos de grau de execução positivo. As duas sequências de passos foram de nível 3 e o seu total de pontos nestes elementos foi de 17.34pts. Os twizzles (7.71pts), o peão (6.80pts) e as figuras de elevação (total de 16.33pts) conseguiram alcançar o nível 4. Uma figura de elevação (1.90pts) e um twizzle (1.40pts) foram os elementos escolhidos como coreográficos e foram realizados no fim do esquema. As suas médias nos segmentos dos componentes foram de 8.18 na perícia, 7.93 nas transições, 8.36 na performance, 8.21 na composição e 8.29 na interpretação da música/timing.


Elena Ilinykh & Ruslan Zhiganshin prometeram muito na sua primeira temporada juntos e pareciam que estavam cheios de fogo para provar a sua qualidade. No entanto, as coisas parece que estagnaram. Depois da mudança para o grupo liderado pelo treinador Igor Shpilband esperava-se muito deste par. Talvez seja necessário ter paciência e ver a sua evolução no decorrer da temporada mas pelo que foi visto nesta prova eles ainda estão muitos furos abaixo de Bobrova & Soloviev e também de Stepanova & Bukin (que esta época já venceram o Troféu Finlândia). Relembro que a Rússia apenas tem dois lugares disponíveis na selecção nacional para os próximos mundiais. Portanto, Ilinykh e Zhiganshin vão ter de lutar.


Na dança curta, Ilinykh & Zhiganshin obtiveram uma pontuação de 66.60pts. A sequência parcial de passos (7.33pts) e a sequência de passos em que os patinadores não se tocam (7.17pts) foram apenas de nível 2. Os passos obrigatórios (5.86pts), os twizzles (7.46pts) e a figura de elevação (5.70pts) alcançaram o nível 4. O painel de juízes foi muito coerente na atribuição de notas a este par no que diz respeito aos segmentos dos componentes. As suas médias foram as seguintes: 8.25 na perícia, 7.96 nas transições, 8.43 na performance, 8.32 na composição e 8.39 na interpretação da música/timing. Este par foi quarto classificado na dança curta.


Na dança livre, a pontuação obtida por Ilinykh & Zhiganshin foi de 98.56pts. Em termos de plano de inclusão de elementos no programa, gostei de ver que eles encaixaram verdadeiramente os elementos coreográficos na coreografia sem deixar os dois apenas para o fim como fez a maioria dos outros pares. Em termos de sequências de passos, a primeira foi de nível 3 e recebeu 9.14pts. A segunda sequência de passos foi de nível 2 e ficou com 6.54pts. As figuras de elevação (15.98pts), os twizzles (7.63pts) e o peão (6.03pts) alcançaram o nível 4. O twizzle coreográfico foi o quinto elemento do esquema e recebeu 1.60pts. A figura de elevação coreográfica foi o nono elemento e ficou com 1.80pts. Todos os elementos receberam grau de execução positivo mas não em valores tão altos como os pares acima referidos. Talvez quando o seu estado de forma esteja melhor a qualidade de programa e da coreografia possam ser realçados. Em sede de segmentos dos componentes as suas médias foram as seguintes: 8.36 na perícia, 8.00 nas transições, 8.39 na performance, 8.39 na performance e 8.39 na interpretação da música/timing.


O meu destaque final vai para o par coreano Min & Gamelin pois utilizaram música na sua dança livre que foi cantada pela portuguesa Dulce Pontes.




Vídeos


Shibutani & Shibutani
Dança curta


Dança livre




Hubbell & Donohue
Dança curta




Dança livre




Bobrova & Soloviev
Dança curta


Dança livre




Guignard & Fabbri
Dança curta


Dança livre




Ilinykh & Zhiganshin
Dança curta


Dança livre




Tobias & Tkachenko
Dança curta


Dança livre




Pogrebinsky & Benoit
Dança curta


Dança livre




Muramoto & Reed
Dança curta


Dança livre



Agafonova & Ucar
Dança curta


Dança livre




Min & Gamelin
Dança curta


Dança livre





Resultado final




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